Cientistas podem ter descoberto mutação genética responsável por forma agressiva de cancro infantil

Cientistas da Universidade de Trinity, nos Estados Unidos, acreditam ter descoberto de que forma uma mutação genética específica (H3K27M) promove o desenvolvimento de um tipo de cancro infantil incurável, conhecido como glioma difuso de linha média (DMG).

Em estudos laboratoriais, a equipa de investigadores conseguiu reverter, com sucesso, o crescimento das células cancerígenas deste tumor recorrendo a um fármaco direcionado.

A investigação, publicada na revista Nature Genetics, “dá-nos uma nova compreensão crucial da genética da progressão deste tipo de cancro através de uma abordagem terapêutica direcionada que é altamente promissora e que oferece uma nova esperança de melhores tratamentos no futuro”.

Os cientistas esperam agora poder dar início a ensaios clínicos, nos quais uma classe de medicamentos já aprovada, intitulada inibidores de EZH2, possa ser avaliada.

Estes fármacos têm como alvo a mesma via biológica importante envolvida no glioma difuso de linha média, e são já utilizados, com sucesso, no tratamento de linfomas e de sarcomas.

“Demos um grande passo em frente e esperamos que estes novos conhecimentos nos ajudem a projetar e a implementar novas abordagens de tratamento de precisão baseadas em pacientes com glioma difuso de linha média”, disse um dos cientistas envolvidos na investigação, Adrian Bracken.

Segundo o investigador, a equipa espera que “esta investigação ajude no desenvolvimento de abordagens clínicas curativas para o que é uma doença verdadeiramente terrível que pode devastar famílias e para a qual atualmente não existem opções terapêuticas.”

Os gliomas pediátricos, como é o caso do glioma difuso de linha média, estão entre os cancros infantis mais difíceis de tratar; de uma forma geral, surgem no cérebro e têm um prognóstico extremamente reservado – o que justifica a “necessidade urgente de opções terapêuticas eficazes”.

“Apesar dos melhores esforços combinados, esses tumores continuam sendo um diagnóstico devastador para as crianças e suas famílias. O melhor tratamento que podemos oferecer atualmente pode estender a sobrevivência dos pacientes durante alguns meses, mas não é curativo”, afirmou outra das investigadoras, Jane Pears.

“Felizmente, com esta investigação, entrámos numa nova e emocionante era de expansão do nosso conhecimento sobre esta doença a um nível molecular, o que nos levará a tratamentos mais direcionados”.

Para Maeve Lowery, que também fez parte da investigação, “estas descobertas têm o potencial de transformar o cenário de tratamento do glioma difuso de linha média e melhorar os resultados para crianças com esta doença.”

“É importante ressaltar que este trabalho ilustra o sucesso de uma abordagem de oncologia de precisão – onde a compreensão da forma como o cancro se desenvolve a um nível genómico pode acelerar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes com menos efeitos secundários”.

“É muito empolgante saber que, finalmente, estamos a conseguir perceber de que forma uma mutação genética específica pode causar esta doença. Para além disso, é ainda mais importante termos o conhecimento de quais fármacos podem inibir este processo. Se mais investigações puderem projetar inibidores de EZH2 para alvejar de forma mais eficaz as células de glioma difuso de linha média, acredito que iremos avançar rapidamente para ensaios clínicos que beneficiarão crianças diagnosticadas com esta terrível doença”, afirmou Becky Birch, do The Brain Tumor Charity, uma das instituições que ajudar no financiamento da investigação.

Fonte: Technology Networks

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