Após décadas sem qualquer progresso, uma equipa de cientistas da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, acreditam ter encontrado um possível tratamento para um dos cancros cerebrais infantis mais agressivos.
“A localização deste tumor é horrível”, disse um dos investigadores principais do estudo, o professor e bioquímico Charles Brenner, referindo-se ao glioma pontino intrínseco difuso, um tumor do tronco cerebral, considerado inoperável, que afeta maioritariamente crianças com idades entre os 6 e os 7 anos.
Segundo os cientistas, o progresso no tratamento do glioma pontino intrínseco difuso permanece estagnado desde que este cancro foi descoberto; este fator pode ajudar a explicar o porquê de a taxa média de sobrevivência ser inferior a 1 ano.
Charles Brenner envolveu-se no estudo após o professor e radiologista da Universidade de Yale, Ranjit Bindra, ter descoberto a existência de uma vulnerabilidade do glioma pontino intrínseco difuso a um inibidor metabólico, conhecido como NAD, que havia sido o foco de um estudo levado a cabo por Charles.
“O NAD é um catalisador central do metabolismo. E temos de perceber que o metabolismo não é apenas a nossa capacidade de converter o que comemos em energia, é a nossa capacidade de converter tudo o que comemos em literalmente tudo o que somos”, explicou o cientista.
Apesar de o inibidor do NAD ser tóxico para todas as células, a sua ação é ainda mais tóxica para células que contêm mutações tumorais.
“Acredito que seremos capazes de usar uma pequena quantidade de um inibidor do NAD para eliminar células tumorais, mas a um nível em que as células normais possam sobreviver”.
A investigação conseguiu identificar alguns medicamentos, já testados em “centenas de pacientes” noutros ensaios clinicos, que podem vir a ser utilizados neste possível novo tratamento.
Para além de Ranjit Bindra e de Charles Berens, a investigação conta com o apoio do Translational Genomics Research Institute, nos Estados Unidos, cujo envolvimento foi, maioritariamente, “em torno da genómica e dos modelos de tumor derivados de pacientes”.
Assim que a equipa de cientistas percebeu que precisava de modelos adicionais deste tumor cerebral pediátrico, algo raros na comunidade científica, decidiu recorrer a laboratórios no Reino Unido e em Espanha.
Para além de pesquisas paralelas, a equipa trabalha agora no desenvolvimento de um ensaio clínico com um pequeno número de crianças.
“Queremos poder fazer algo por estas crianças. Queremos ajudá-las”, disse Charles Brenner.
Fonte: The Daily Iowan