Uma nova investigação realizada pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, tentou avaliar qual a probabilidade de crianças com síndrome de Down serem diagnosticadas com leucemia.
De acordo com os resultados, o risco de uma criança com síndrome de Down ser diagnosticada com leucemia mieloide aguda é ainda maior do que o observado em estudos anteriores.
A síndrome de Down é uma das doenças genéticas mais comuns nos Estados Unidos, sendo que, todos os anos, nascem no país cerca de 6 mil bebés com esta condição; ou seja, segundo o U.S. Centers for Disease Control and Prevention, um em cada 700 bebés nascidos nos Estados Unidos tem síndrome de Down.
Estudos anteriores concluíram que crianças com síndrome de Down têm um risco substancialmente aumentado de sofrer de múltiplas condições de saúde, em comparação com a população em geral.
Agora, esta investigação, publicada no The Journal of Pediatrics, também confirmou que a síndrome de Down é um forte fator de risco para a leucemia infantil, sendo que as crianças com esta síndrome podem ter um risco 150 vezes mais elevado de desenvolver leucemia mieloide aguda antes dos 5 anos.
No total, os cientistas examinaram dados de mais de 3,9 milhões de crianças nascidas nos Estados Unidos e no Canadá entre 1996 e 2016; os dados analisados incluíam informações sobre a saúde das crianças, desde o nascimento até ao diagnóstico de cancro e, eventualmente, óbito.
“Um dos pontos fortes desta investigação está relacionado com o número de pacientes observados, um dos maiores de sempre, nomeadamente ao nível de casos de leucemia diagnosticados em crianças com síndrome de Down”, indicou Emily Marlow, a principal autora do estudo.
Segundo Emily, o número de crianças analisadas permitiu que os investigadores conseguissem ter “uma estimativa de risco mais precisa, em especial para subtipos raros de leucemia”.
A investigação estimou a incidência e as taxas de risco de leucemia para crianças com e sem síndrome de Down, ajustando fatores como a idade da criança na altura do diagnóstico, o ano de nascimento e o sexo.
Os resultados mostraram que, em comparação com 0,05% das crianças sem a síndrome, 2,8% das crianças com síndrome de Down foram diagnosticadas com leucemia.
Em comparação com as outras crianças, as crianças com síndrome de Down tinham um risco maior de desenvolver leucemia mieloide aguda antes dos 5 anos e um risco maior de desenvolver leucemia linfoblástica aguda, independentemente da idade.
Em crianças com síndrome de Down, a leucemia linfoblástica aguda foi mais comum entre as idades de 2 a 4 anos, enquanto a leucemia mieloide aguda foi mais comum em crianças mais novas, com uma maior incidência a ser registada durante o primeiro ano de vida.
Em crianças sem síndrome de Down, a incidência de leucemia mieloide aguda permaneceu muito baixa até os 14 anos, enquanto a incidência de leucemia linfoblástica aguda atingiu o pico aos 3 anos e diminuiu continuamente até os 8 anos.
O estudo também descobriu que crianças do sexo masculino eram mais propensas a serem diagnosticadas com síndrome de Down e mais propensas a desenvolver leucemia do que as suas contrapartes.
“A boa notícia é que a leucemia infantil é, hoje em dia, mais facilmente tratável se for detetada precocemente”, afirmaram os investigadores.
Fonte: Medical Xpress