Investigação pode ter descoberto tratamento potencial para tipos agressivos de cancro infantil

Uma combinação de substâncias que impacta as modificações químicas no ADN de tumores e desencadeia uma diferenciação em células nervosas inofensivas pode representar um novo método de tratamento de formas agressivas de neuroblastoma.
O novo método foi proposto por investigadores do Instituto Karolinska, na Suécia, depois de estudos anteriores feitos em ratos terem mostrado que o tratamento combinado resultou numa supressão significativa no crescimento tumoral.
Publicado na PNAS, este estudo também questiona uma hipótese no campo de pesquisa que poderia resultar em tratamentos incorretos potencialmente prejudiciais para crianças com neuroblastoma.
O neuroblastoma afeta o sistema nervoso periférico em crianças e é uma doença tumoral com diferentes facetas; alguns desses tumores desaparecem naturalmente e outros respondem bem ao tratamento disponível, no entanto, existem alguns tipos de neuroblastoma que são muito agressivos e, em muitos casos, não respondem ao tratamento. A mortalidade entre esses pacientes de alto risco é elevada, o que levanta a necessidade de novos e eficazes métodos tratamento.
Durante o estudo, os investigadores trataram ratos com AZA, uma substância que bloqueia e elimina os grupos metilo do ADN das células cancerígenas, com o objetivo de ativar genes que combatam as origens do neuroblastoma. O AZA foi então combinado com o tratamento com ácido retinoico (RA), uma outra substância que tem a capacidade de tornar certas células tumorais diferenciadas e maduras, em células nervosas inofensivas.
Nem o AZA nem o RA conseguem suprimir individualmente o crescimento de tumores de alto risco, mas o tratamento combinado resultou numa supressão significativa no crescimento tumoral das cobaias.
O tratamento induziu a expressão de um fator chamado HIF2α, pelo que os especialistas também testaram uma combinação com um inibidor de HIF2α. Tais inibidores foram propostos como um tratamento alternativo para o neuroblastoma, já que a proteína HIF2a foi previamente descrita como acoplada a formas mais agressivas de neuroblastoma. O inibidor de HIF2α está a ser sujeito a ensaios clínicos para o tratamento de outras doenças tumorais.
Segundo os investigadores, “curiosamente, surgiu que o efeito do nosso tratamento combinado com AZA e RA foi, de fato, contrariado pelo inibidor de HIF2α”, para além disso, os especialistas também dizem que as análises de grandes volumes de dados de pacientes mostraram que o HIF2α não está acoplado a tipos agressivos de neuroblastoma, mas “pode estar associado a um menor risco e a uma melhor sobrevivência para os pacientes”.
Este estudo, financiado por entidades como a Fundação Sueca do Cancro Infantil ou o Instituto Ludwig para Pesquisa do Cancro, além de demonstrar o efeito de um novo tratamento de combinação, também questiona uma hipótese que pode resultar num tratamento potencialmente prejudicial errado para crianças com neuroblastoma, podendo assim ser importante para futuras aplicações clínicas.
Contudo, os investigadores alertam para a necessidade de se realizarem mais estudos antes do método vir a ser usado em pacientes com neuroblastoma.
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