Investigação descobre gene associado ao meduloblastoma e fármaco que poderá melhorar tratamento

Uma investigação de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil, descobriu um gene associado ao meduloblastoma que pode abrir caminhos para novos tratamentos deste tipo de tumor que ocorre em idade pediátrica.

O meduloblastoma faz parte do grupo de tumores do sistema nervoso central. De acordo com dados do Instituto Nacional do Cancro (INCA) no Brasil, esses tumores representam 20% dos casos de cancro infantil, afetando sobretudo crianças até aos cinco anos de idade.

Os investigadores descobriram neste estudo que o gene denominado ZEB1 está presente em casos graves de meduloblastoma. A investigação é fruto de uma parceria entre o Laboratório de Cancro e Neurobiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a UFRGS e o Instituto do Cancro Infantil (ICI), todos localizados no Brasil.

A investigação, publicada na revista NeuroMolecular Medicine, descreve a relação entre esse tipo de cancro cerebral e o ZEB1, um gene que é responsável por regular o desenvolvimento do cerebelo, área do cérebro ligada ao controlo do movimento, equilíbrio e orientação.

Existem quatro subtipos de meduloblastoma. Esses subtipos distinguem-se em função do perfil clínico e do prognóstico de cada tumor. Aqueles que se enquadram nos grupos 3 e 4 são os mais agressivos.

Os dados apurados neste estudo mostraram que a presença do gene ZEB1 está relacionada com uma pior expetativa de vida em pacientes diagnosticados com os subtipos 3 e 4 de meduloblastoma. Isso significa que, pela primeira vez, um gene pode ser um biomarcador para auxiliar na determinação da sobrevida de crianças com este tipo de tumor e de terapias mais personalizadas.

A investigação foi realizada com base na análise de mais de 700 amostras provenientes de bancos de amostras biológicas internacionais. “Graças a esses dados pudemos descobrir diferenças que não conseguiríamos verificar se estivéssemos a analisar apenas um ou dois tumores”, destacaram os investigadores.

O estudo também mostrou que uma dose reduzida do fármaco fingolimod – que já é usado atualmente para o tratamento da esclerose múltipla e atua como modulador epigenético, ou seja, atua na forma como o ADN se expressa –  diminuiu a expressão do ZEB1 nas células do grupo 3, revelando que o gene atua de forma diferente em cada subgrupo específico de meduloblastoma e que este medicamento poderá ser uma abordagem no tratamento da doença.

Fonte: Revista Galileu

Este artigo foi úlil para si?
SimNão
Comments are closed.
Newsletter