Inteligência Artificial ajuda cirurgiões a identificar tumores cerebrais durante a operação

Cientistas dos Países Baixos desenvolveram uma ferramenta inovadora com Inteligência Artificial (IA) que pode revolucionar a forma como se tomam decisões durante cirurgias ao cérebro. O sistema, chamado Sturgeon, permite aos médicos identificar o tipo de tumor cerebral em tempo real, com 90% de precisão, em menos de 40 minutos, enquanto o cérebro do paciente continua exposto durante a operação.

A tecnologia está a ser testada no Centro Princesa Máxima para o Cancro Pediátrico, em parceria com o UMC Utrecht (Países Baixos), e foi criada por uma equipa liderada pelo neurocirurgião pediátrico Eelco Hoving, o patologista Bastiaan Tops e o bioinformático Jeroen de Ridder.

Menos incerteza, melhores decisões

Até agora, os neurocirurgiões enfrentavam decisões complexas com base em informações incompletas, muitas vezes recorrendo a cortes de congelação — uma análise rápida mas pouco fiável de tecido tumoral — ou aguardando semanas por resultados laboratoriais. Isto podia levar a tratamentos excessivamente invasivos.

Com a ajuda do Sturgeon, os médicos podem agora decidir de forma mais segura e informada se devem remover totalmente um tumor, esperar por mais análises ou optar por outro tratamento.

Tecnologia simples, impacto profundo

O Sturgeon funciona com um pequeno sequenciador de nanoporos, um dispositivo portátil ligado a um computador via USB. Este lê cadeias de ADN tumorais e, com o apoio da IA, permite classificar rapidamente o tipo de tumor presente.

Para treinar a IA com dados suficientes, os investigadores usaram 3 mil amostras reais e criaram mais de 45 milhões de simulações, aumentando de forma significativa a base de dados necessária para o algoritmo reconhecer padrões tumorais.

Aplicações além dos tumores cerebrais

Embora ainda esteja em fase de investigação, o potencial do Sturgeon vai além da neurocirurgia. Os investigadores acreditam que poderá vir a ser usado no diagnóstico de outras doenças, como melanomas, infeções nos pulmões ou doenças hematológicas raras.

No futuro, os neurocirurgiões poderão usar óculos de realidade aumentada combinados com IA para localizar e identificar tumores em tempo real, tornando as decisões durante a cirurgia mais rápidas e seguras.

Para já, os cientistas continuam a validar a tecnologia através de ensaios clínicos. A aprovação regulamentar poderá levar anos, mas a comunidade médica já vê este avanço como um passo promissor na melhoria do tratamento de tumores cerebrais, sobretudo em contexto de cancro pediátrico.

Fonte: National Geographic Portugal

Este artigo foi úlil para si?
SimNão
Comments are closed.
Newsletter