De acordo com os resultados de uma nova investigação apresentada durante a American Association for Cancer Research Special Conference: Aging and Cance, sobreviventes de cancro infantil que consumiam grandes quantidades de açúcar diariamente mostraram ser mais propensos do que os sobreviventes que consumiam menos açúcar a desenvolver problemas de saúde relacionados ao envelhecimento precoce.
“Felizmente, estamos num momento importante, em que cada vez mais estão a ser desenvolvida terapias que têm como objetivo salvar a vida de crianças com cancro. Mas, com estes desenvolvimentos, é também muito importante que passemos a observar, não só, os efeitos a longo prazo dos tratamentos, como também os fatores modificáveis para a saúde, como o consumo de açúcar”, explicou Tuo Lan, o principal autor do estudo.
A equipa de Tuo Lan observou dados de 3 322 sobreviventes de cancro infantil do St. Jude Lifetime Cohort, uma plataforma que monitoriza pacientes pediátricos até este atingirem a idade adulta, incluindo a ingestão diária relatada de açúcar total, açúcar adicionado e bebidas com açúcar.
Os investigadores classificaram os pacientes com base na presença de 45 condições de saúde relacionadas ao envelhecimento, como problemas cardiovasculares (incluindo ataques cardíacos) e artrite.
Por cada 25 gramas de açúcar consumidos diariamente, os pacientes inicialmente inseridos no grupo de risco intermediário tiveram um risco 24% maior de envelhecimento prematuro, enquanto aqueles inseridos no grupo de alto risco tiveram um risco 30% maior.
“A ingestão de açúcar está envolvida em muitos mecanismos fisiológicos que podem causar envelhecimento prematuro, como resistência à insulina, inflamação, entre outros… tudo isso pode causar envelhecimento prematuro, especialmente em sobreviventes de cancro infantil”.
Em particular, os sobreviventes considerados de alto risco que ingeriam duas ou mais bebidas açucaradas (como refrigerantes) por dia tinham 6,71 vezes mais probabilidade de sofrer de envelhecimento prematuro do que aqueles que consumiam uma ou menos bebidas açucaradas por semana.
Os investigadores reconhecem que diminuir a ingestão de açúcar pode ser difícil para os sobreviventes, “especialmente se, ao passar pelo tratamento, os familiares e cuidadores os incentivarem a consumir açúcar. Isso faz com que eles se habituem, e todos sabemos que o açúcar é ‘um vicio’”.
“O que aprendemos com esta investigação é que todos aqueles que acompanham estas crianças (profissionais de saúde, familiares e cuidadores) devem estar atentos ao consumo de açúcar por parte dos pacientes e sobreviventes, uma vez que eles têm mesmo que reduzir a ingestão deste alimento”.
Para os pais cujos filhos estão atualmente em tratamentos oncológicos, os cientistas defendem que esta é a altura para os progenitores estabelecerem hábitos saudáveis que promovam a saúde a longo prazo.
“É importante que os pais forneçam às crianças alimentos saudáveis, como frutas e vegetais, em vez de doces. Embora o tratamento oncológico seja muito difícil para as crianças, dar-lhes doces em excesso não as vai ajudar em nada, nem a curto, nem a longo prazo”.
Fonte: Cure Today