Imunoterapia melhora prognóstico de bebés com leucemia agressiva

Um novo estudo que envolveu 30 pacientes pediátricos com menos de um ano de idade confirma que a adição de um anticorpo biespecífico ao tratamento quimioterápico aumenta as taxas de sobrevida à leucemia linfoblástica aguda (LLA), de 66% para 93%.

Publicado no New England Journal of Medicine, os cientistas revelaram resultados promissores na melhoria da sobrevida de bebés com LLA associada ao gene KMT2A, um subtipo muito agressivo deste cancro que afeta as células do sangue.

Este é um primeiro passo na direção certa. Ainda assim, é importante ter cautela, afirmou Susana Rives, responsável da Unidade de Leucemia e Linfoma do SJD Pediatric Cancer Center em Barcelona, em Espanha. “São resultados promissores, mas estes precisam de ser confirmados com mais tempo de acompanhamento”, sublinha.

A investigação teve como base um ensaio clínico de fase II realizado com trinta pacientes, todos bebés com menos de 12 meses de idade, e com acompanhamento de alguns anos. Embora os achados devam ser consolidados, esses primeiros resultados são tão animadores que os cientistas esperam poder incorporar essa nova estratégia terapêutica como tratamento de primeira linha nesses pacientes.

O protocolo terapêutico atual para tratar a LLA associada ao gene KMT2A em lactentes menores de um ano inclui dois anos de quimioterapia intensiva e, em alguns casos, transplante de medula óssea. No entanto, os resultados globais não são muito favoráveis: a taxa de sobrevida livre de complicações em três anos é inferior a 40%, apontam os autores no artigo.

A natureza altamente agressiva da LLA associada ao gene KMT2A torna as recidivas muito frequentes (dois terços das recorrências ocorrem no primeiro ano após o diagnóstico, mesmo quando totalmente tratadas), e o prognóstico piora; até agora, a sobrevida após a recaída era de apenas 20%.

Face a esse cenário pouco animador, os autores do estudo decidiram apostar na imunoterapia, que consiste em ativar o próprio sistema imunológico do corpo com fármacos para que este elimine as células malignas. Neste caso, o medicamento usado foi o blinatumomab, que já tinha sido avaliado em adultos e crianças maiores com LLA, mas ainda não estava claro se era bem tolerado e eficaz em lactentes.

O blinatumomab é um anticorpo biespecífico que se liga à célula tumoral e também aos linfócitos T, encarregados de destruir as células cancerígenas. “Descobrimos que a adição de blinatumomab à quimioterapia padrão leva a uma melhoria significativa na sobrevida de bebés com leucemia linfoblástica aguda com rearranjo KMT2A: a probabilidade de sobrevivência aumentou de 66% para 93%. E o risco de a doença voltar ou de morrer da patologia foi bastante reduzida, de 51% para 18%. Ou seja, os pacientes passaram a viver mais e com melhor qualidade de vida.

Os efeitos nocivos de curto prazo dessa nova abordagem terapêutica também são “controláveis”, segundo os especialistas. Inclusive, houve menos danos colaterais do que apenas com a quimioterapia.

Apesar dos resultados muito promissores, os investigadores ressalvam que estes devem ser reforçados através da realização de mais estudos com mais pacientes.

Fonte: El País

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