Investigadores norte-americanos estão a usar uma abordagem semelhante à do tratamento da gripe para combater a leucemia (tumor que afeta o sangue) em crianças e adultos.
A terapia experimental, desenvolvida na Universidade da Pensilvânia, pretende ajudar as células do sistema imunológico a combaterem as células cancerígenas e já foi testada pelo Hospital Infantil da Filadélfia em 22 crianças, 18 das quais entraram em remissão completa. Uma das crianças está há 20 meses sem sinais da doença.
Além dos resultados obtidos por estes cientistas, que apresentaram as suas descobertas no último encontro anual da Sociedade Americana de Hematologia, outros dois centros oncológicos norte-americanos, o Memorial Sloan-Kettering, em Nova Iorque, e o Instituto Nacional do Cancro norte-americano, também anunciaram resultados semelhantes com imunoterapias.
Além das crianças, a técnica foi ainda testada em 37 doentes adultos com leucemia que não tinham tido resposta a outros tratamentos, 12 dois quais entraram em remissão completa e, destes, oito entraram em remissão parcial e viram algumas melhorias na doença.
A técnica consistiu na remoção e reprogramação das células T dos pacientes – que assumem um papel fundamental no sistema imunológico. As células foram posteriormente reintroduzidas no organismo, a fim de dar origem a outras 10 mil células, denominadas por “Hunter”, que são especialistas em identificar e combater as células do cancro.
Este “é um dos avanços mais emocionantes que eu já vi na terapia do cancro nos últimos 20 anos”, sublinhou David Porter, especialista da Universidade da Pensilvânia.
Numa próxima fase, a Universidade da Pensilvânia pretende criar parcerias com outros centros de tratamento, para que a terapia possa ser testada num maior número de pacientes com outros tipos de cancro do sangue e, mais tarde, em tumores sólidos. A farmacêutica Novartis também se mostrou interessada em participar nos ensaios e já foi inclusive criado um licenciamento com a universidade para a implementação desta terapia.
Os clínicos mostram-se muito otimistas com os resultados, pois sublinham que as recaídas após este tipo de terapia celular personalizada são mais simples de gerir do que após sessões de quimioterapia ou transplantes de medula óssea.
Os primeiros testes tiveram início em 2010 mas, até à data, segundo os resultados, as taxas de recaída foram relativamente baixas, no sentido em que dos 18 pacientes pediátricos que entraram em remissão completa, apenas cinco tiveram uma recaída e dos 12 adultos que entraram em remissão completa, foi apenas observada uma recaída.
Atualmente, os pacientes em condições de testar a terapia terão de estar inscritos em estudos clínicos, mas o diretor de terapias celulares no Memorial Sloan-Kettering, Renier Brentjens, defende que esta pode tornar-se amplamente disponível nos próximos três a cinco anos.
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