Imunoterapia contra cancro cerebral infantil raro tem proteína deformada como alvo

Crianças com uma forma extremamente mortal de cancro do cérebro podem vir a beneficiar de um novo tratamento que visa direcionar uma resposta imune contra uma proteína.
Este estudo, que visa uma proteina anómala encontrada exclusivamente em células cancerígenas, foi realizado pela Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos. 
O foco da investigação foi o glioma pontino intrínseco difuso, tipo agressivo de cancro cerebral pediátrico, que como ocorre numa área de difícil acesso do tronco cerebral que controla funções vitais, como respiração, pressão arterial e frequência cardíaca, é quase sempre impossível de remover cirurgicamente. A terapia de radiação é o tratamento padrão atual, mas raramente é eficaz por muito tempo.
“É importante desenvolver abordagens de tratamento mais inovadoras para os cancros cerebrais infantis, que agora são a principal causa de morte por cancro em crianças. Este tipo de glioma é um tipo muito mortal de cancro cerebral e muitas crianças não sobrevivem além dos 12 meses desde o momento do diagnóstico”, disseram os investigadores. 
Atualmente, o estudo está a realizar um ensaio clínico de fase I em crianças com gliomas, a fim de avaliar um novo fármaco anti-tumor com base no novo alvo identificado pelo grupo de pesquisa. 
Os resultados pré-clínicos do novo estudo também apoiam o desenvolvimento de um tratamento de imunoterapia que é potencialmente mais poderoso do que uma vacina simples, na qual algumas das próprias células imunológicas do paciente seriam geneticamente modificadas para reconhecer o alvo molecular, que é encontrado nas células tumorais na maioria dos casos de gliomas, mas não em células normais.
O objetivo do novo tratamento é um “neo-antigénio”, um fragmento de uma proteína produzida por uma célula cancerígena que tem uma estrutura anormal e, muitas vezes, uma função anormal, devido à mutação genética, uma característica do cancro. 
Os investigadores estão a desenvolver técnicas para selecionar neo-antigénios que eles acreditam serem os mais prováveis de serem vistos e identificados como invasores pelo sistema imunológico, de forma a desenvolverem imunoterapias para impulsionar as respostas imunes às células tumorais que apresentam esses neo-antigénios. Os tratamentos à base de neo-antigénios ainda são experimentais, mas muitos estão em testes clínicos.
Publicado no Journal of Experimental Medicine, este estudo trabalhou com um fragmento de uma proteína chamada histona 3 variante 3. Esta proteína é mutada de forma idêntica em cerca de 70% dos casos deste tipo de glioma e resulta no controlo anormal da atividade génica em células tumorais. Estudos anteriores descobriram que a mutação está presente em quase todas as células do tumor.
Os investigadores usaram algumas das técnicas computacionais mais recentes para prever se um fragmento específico da proteína que inclui o neo-antigénio se ligaria especificamente a uma proteína chamada HLA A, que exibe antigénios para inspeção e controlo das células T. A força deste anexo deve corresponder à probabilidade de um neo-antigénio ser reconhecido como uma ameaça pelo sistema imunológico.
Em experiências laboratoriais a previsão foi confirmada, com a descoberta de uma forte afinidade entre o neo-antigénio do tumor e um tipo de HLA A encontrada em cerca de 40% dos pacientes; em comparação, essa afinidade não foi encontrada entre este tipo de HLA A e antigénios não mutados de proteínas relacionadas, produzidas por células saudáveis, sugerindo que estes tratamentos devem ser específicos apenas para células tumorais. 
O objetivo desta nova vacina é capacitar as células T do sistema imunológico para reconhecer o neo-antigénio na vacina, o que deve desencadear uma resposta imune às células tumorais no cérebro que exibem o mesmo neo-antigénio.
O artigo também demonstra uma forma de tratamento promissora, ainda mais poderosa, baseada diretamente em células T de pacientes, para reconhecer o neo-antigénio alvo. 
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