Uma equipa internacional de investigadores identificou alterações epigenéticas até agora desconhecidas num tipo de tumor pediátrico, o ependimoma pediátrico, as quais podem servir como novos alvos terapêuticos e fornecer opções alternativas de tratamento para os pacientes pediátricos. O estudo foi conduzido por cientistas da Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e publicado na revista Nature Communications.
O ependimoma pediátrico, o terceiro tipo mais comum de cancro cerebral que ocorre em crianças, atualmente tem uma taxa de recorrência de 50% e a maioria dos pacientes acabará por sucumbir à doença devido à má resposta ao tratamento.
Embora este tipo de cancro seja agressivo e a recorrência seja comum, os tumores crescem mais lentamente, em comparação com outros tipos de tumores cerebrais, oferecendo uma pequena janela de oportunidade para que os profissionais de saúde tentem administrar no paciente diferentes estratégias de tratamento, incluindo a ressecção de tumores recorrentes.
Apesar de a cirurgia e a radioterapia ajudarem a prolongar a sobrevida do paciente, o desenvolvimento de opções de tratamento mais eficazes e de longo prazo são necessárias com urgência, afirma Xiao-Nan Li, autor principal da investigação.
Durante este estudo, a equipa de Li realizou o sequenciamento de metilação de ADN juntamento com o sequenciamento de RNA para identificar alterações epigenéticas usando amostras de ependimoma primário e recorrente de dez pacientes pediátricos que foram tratados com radiação e registaram reincidência do tumor várias vezes ao longo de 13 anos.
A partir desse conjunto único de tumores desses pacientes, os investigadores desenvolveram novos modelos de ratinhos com xenoenxertos ortotópicos derivados de pacientes, que são fundamentais para melhorar a compreensão da biologia do tumor e para testar novas terapias.
“O ependimoma é um tumor muito peculiar e, ao contrário de muitos outros cancros humanos, as mutações não são uma das principais causas. Neste tumor, chamamos as mutações de “silenciosas” porque não há muitas mutações. As mudanças são principalmente ao nível epigenético, e é por isso que focamos o nosso estudo na metilação do ADN”, explicou Li.
Utilizando os modelos de xenoenxerto, os investigadores identificaram três conjuntos únicos de mutações epigenéticas. O primeiro conjunto incluía genes expressos diferencialmente que eram regulados por potenciais regiões de metilação do ADN (DMRs) “condutoras”, ou regiões genómicas contendo diferentes padrões de metilação do ADN, que transitavam dos tumores primários para os tumores recorrentes.
O segundo conjunto continha genes expressos diferencialmente que eram regulados por potenciais DMRs “reforçadores”, encontrados apenas em tumores recorrentes. Em particular, os investigadores descobriram que o gene PLEKHG1 foi expresso em todos os modelos de tumores recorrentes, o que, segundo Li, sugere que este gene pode ser um potencial alvo terapêutico contra o ependimoma.
O terceiro conjunto de mutações identificadas em tumores primários foram “preditores de recaída”, ou seja, um conjunto de marcadores epigenéticos que podem ajudar a prever se um tumor tem alto risco de recorrência. Esses preditores podem ajudar os profissionais de saúde a evitar tratamentos desnecessários aplicados nos pacientes e que podem levar a mais complicações de saúde no futuro, disseram os cientistas.
Fonte: Universidade Northwestern