Hematopoiese clonal mais prevalente em sobreviventes de cancro pediátrico

Sobreviventes de cancro pediátrico podem ter um risco aumentado de hematopoiese clonal (HC) em qualquer idade, segundo os resultados de uma investigação publicada na revista Cancer Discovery.

A hematopoiese clonal é uma condição relacionada com a idade em que os descendentes de células estaminais hematopoiéticas começam a dominar porções substanciais do sangue. A HC é frequentemente motivada por alterações genéticas recorrentes que fazem com que as células estaminais hematopoiéticas tenham a capacidade de se expandirem rapidamente. 

Durante o estudo, os cientistas encontraram uma taxa mais alta de hematopoiese clonal em sobreviventes de cancro pediátrico do que em indivíduos de controlo pareados. Ter recebido tratamento anterior com um agente alquilante, radiação ou bleomicina foi associado a um risco aumentado de hematopoiese clonal, mostraram ainda os resultados. 

O estudo retrospetivo foi realizado com base nos dados de 2 860 sobreviventes de cancro pediátrico e 324 indivíduos controlo da comunidade pareados com base demográfica e sem histórico de cancro.

A idade média da coorte de sobreviventes de cancro pediátrico foi de 31,6 (intervalo, 6,0-66,4) anos, e a idade média dos indivíduos de controlo foi de 34,6 (intervalo, 18,3-70,2) anos. O seguimento médio foi de 23,5 anos.

Os investigadores realizaram o sequenciamento direcionado de 39 genes que predispõem ao cancro ou genes associados à malignidade hematológica.  E identificaram 540 variantes de hematopoiese clonal validadas, com uma frequência mediana de alelos variantes de 0,4%.

A prevalência geral de hematopoiese clonal foi significativamente maior na coorte de sobreviventes de cancro do que na coorte de controlo – 15% e 8,6%, respetivamente.

Em ambas as coortes, a prevalência de hematopoiese clonal esteve associada à idade. No entanto, os sobreviventes de cancro pediátrico eram mais propensos do que os indivíduos de controlo a ter hematopoiese clonal em qualquer idade.

Numa análise multivariada, os tratamentos que foram associados a um maior risco de hematopoiese clonal incluíram agentes alquilantes, radiação e bleomicina.

Sobreviventes de linfoma de Hodgkin (LH), sarcoma de tecidos moles, tumor de células germinativas, rabdomiossarcoma, neuroblastoma, linfoma não-Hodgkin ou leucemia linfoblástica aguda tiveram um risco aumentado de hematopoiese clonal. Os cientistas observaram também que todos esses pacientes tinham uma maior probabilidade de terem sido tratados com um agente alquilante.

Os cientistas encontraram igualmente um aumento significativo de mutações STAT3, particularmente a mutação Y640F, entre os sobreviventes de LH. A proporção de pacientes com mutações STAT3 foi de 9,3% entre os sobreviventes de LH, 1,4% entre os sobreviventes de outros tipos de cancro e 0,6% na coorte de controlo.

“Esta primeira análise abrangente com foco na hematopoiese clonal em sobreviventes de longo prazo de cancro pediátrico revela uma elevada prevalência e exposições terapêuticas/espetro diagnóstico associado à HC”, disseram os autores do estudo.

Face a estes resultados, “recomenda-se a monitorização longitudinal para verificar os efeitos a longo prazo da HC induzida por terapia em sobreviventes de cancro pediátrico”, defendem os investigadores. 

Fonte: Cancer Therapy Advisor

Este artigo foi úlil para si?
SimNão
Comments are closed.
Newsletter