Os pais das crianças internadas na oncologia pediátrica do Centro Hospitalar de São João, no Porto, vão interpor uma ação judicial contra o Estado que visa travar uma eventual transferência destas crianças para o Centro Materno-Infantil do Norte, parte integrante do Centro Hospitalar de Santo António, e para o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.
Apesar do ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes ter garantido que este receio é “infundado”, os pais uniram-se num movimento liderado por Jorge Pires, pai de um adolescente internado, que também foi um dos principais rostos da contestação que ocorreu em abril, acerca da falta de condições da ala pediátrica do maior hospital do norte do país.
“O que denunciámos há mais de um mês são as más condições das instalações provisórias, não a excelência dos serviços médicos ou a falta de equipamentos, alguns dos quais não existem nas unidades de saúde para onde querem transferir os nossos filhos”, disse Jorge Pires.
O porta voz acredita que a transferência “é uma péssima solução”, até porque irá obrigar a que as crianças façam mais viagens de ambulância, seja pela necessidade de fazerem exames ou para o internamento nos cuidados intensivos no edifício central do São João, que é “o único com urgência pediátrica 24 horas por dia” na região.
Apesar desta transferência ter sido desmentida pelo Ministério da Saúde, sendo mesmo apelidada de “infundada”, a ação judicial, que foi motivada pelas recentes reuniões entre o Ministério das Finanças e as administrações do Centro Hospitalar Santo António e do IPO do Porto, irá dar entrada no Tribunal Administrativo do Porto nos próximos dias.
Ao jornal Expresso, o IPO e Centro Materno-Infantil do Norte não confirmaram a transferência.
A polémica da deslocalização dos serviços estende-se também aos profissionais de saúde do Hospital de São João.
Um deles, a oncologista pediátrica Maria João Gil da Costa, que trabalha há cerca de 30 anos na instituição, sentiu necessidade de escrever uma “nota de alerta” a várias entidades com responsabilidades no Serviço Nacional de Saúde.
Na nota, a oncologista afirma que não existe um “melhor modelo de funcionamento para a oncologia pediátrica” do que o aplicado no São João, sem que com isso queira pôr em causa a qualidade das outras instituições.
Falando em nome do restante corpo clínico, a especialista defende que tem existido “um grande esforço para desenvolver equipas multidisciplinares, que não se formam nem se diferenciam em meses ou anos”.
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