Gordura pode afetar desempenho da quimioterapia

Um estudo publicado na Molecular Cancer Research demonstrou que células de gordura podem afetar o desempenho de quimioterapias voltadas para o tratamento de leucemias. 
“Esta pesquisa demonstrou que células adiposas metabolizam o agente quimioterápico daunorrubicina, o que reduz a capacidade do fármaco de eliminar células cancerígenas no sangue. Vale lembrar que as antraciclinas, grupo ao qual pertence a daunorrubicina, são importantes para o tratamento de diversos outros tipos de cancro em crianças e adultos, além da leucemia”, explica um oncologista brasileiro, Auro Del Giglio.
O médico acrescentou que os resultados apresentados pela pesquisa norte-americana foram identificados a partir do momento em que se observou que as células adiposas cultivadas in vitro, juntamente com células leucémicas, afetavam a “farmacocinética” da quimioterapia. As células de gordura absorvem o fármaco quimioterápico dificultando o seu acesso às células leucémicas. 
“Muitas pesquisas têm demonstrado que a obesidade está associada à redução do desempenho do tratamento de vários tipos de cancro, como o da mama, cólon, ovário e próstata”, disse o especialista. Contudo, esta “é a primeira vez que se estabelece uma relação direta entre adipócitos e agentes quimioterápicos específicos, o que deve contribuir bastante para o desenvolvimento de estratégias de tratamento não só da leucemia, mas também de muitos outros tipos de cancro que crescem na medula óssea ou em torno das células gordas”, concluiu.
Esta pesquisa, realizada pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, teve início em exames que procuravam verificar de que forma a obesidade pode alterar a eficácia da daunorrubicina. Os investigadores cultivaram leucemia linfoblástica aguda humana com adipócitos que, posteriormente trataram com daunorrubicina. 
De entre as principais descobertas, os investigadores verificaram que a presença de adipócitos reduziu significativamente a acumulação de daunorrubicina nas células leucémicas. Os adipócitos também absorveram o agente quimioterápico, removendo-o do microambiente da leucemia. 
Já as células de leucemia tratadas com daunorrubicina sobreviveram e proliferaram melhor em amostras que continham adipócitos. “Ou seja, as células adiposas metabolizaram a daunorrubicina de maneira a que as suas enzimas conseguissem alterar a estrutura das moléculas do agente quimioterápico, tornando-o muito menos tóxico para as células leucémicas analisadas”, explicaram os investigadores. 
Embora sejam importantes, as descobertas do estudo indicam a necessidade de pesquisas adicionais para determinar se os adipócitos têm um efeito semelhante em quimioterapias diferentes das comummente utilizadas.
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