Investigadores do Children’s National Hospital, em colaboração com o Virginia Tech Cancer Research Alliance e com o Instituto de Pesquisa Biomédica Fralin, todos nos Estados Unidos, estão a tentar encontrar novas formas para tratar tumores cerebrais recorrendo a ultrassons.
Os cientistas estão a analisar de que forma poderão usar uma tecnologia emergente, denominada de ultrassom focalizado para combater gliomas difusos, um dos tipos de cancros cerebrais infantis mais letais, que tem uma taxa de mortalidade de quase 100%, 5 anos após o diagnóstico.
A equipa, liderada por Javad Nazarian, do Children’s National Hospital, irá estudar como usar o ultrassom focalizado para criar um “portal temporário através da barreira hematoencefálica protetora do corpo para administrar fármacos contra o cancro”.
Para isso, contam com os conhecimentos de Eli Vlaisavljevich, designer e especialista em tecnologia de ultrassom focalizado, e de Jennifer Munson, criadora de modelos 3D que estudam tumores cerebrais, da Virginia Tech Cancer Research Alliance.
A estes três investigadores juntou-se Cheng-Chia Wu, da Universidade de Columbia, investigador principal do primeiro ensaio clínico do mundo que usou ultrassom focalizado em crianças com gliomas difusos que sofreram recidiva.
“A experiência dos nossos investigadores fará avançar esta plataforma promissora para o tratamento de tumores cerebrais pediátricos. Individualmente, progredimos lentamente ou podemos falhar. Juntos, seremos capazes de entender melhor como tratar estes tumores e acelerar a sua entrega na clínica” explicou Javad Nazarian.
Esta investigação está a ser financiada pela SebastianStrong Foundation, uma organização sem fins lucrativos que promove a consciencialização sobre o cancro infantil e fornece suporte financeiro para o desenvolvimento de tratamentos menos tóxicos e mais direcionados.
“Infelizmente, não podemos fazer os tratamentos nestas crianças como fazemos em adultos, uma vez que isso pode causar danos e prejudicar o desenvolvimento das crianças. E isso está fora de questão. Queremos atingir esses tumores com doses efetivas de tratamento, mas sem causar danos”, disse Jennifer Munson.
“A nossa meta é desenvolver uma abordagem de medicina personalizada na qual podemos utilizar o tumor de um paciente, construir um modelo desse tumor, testar fármacos e descobrir qual a terapia que funcionará melhor”, continuou a investigadora.
Enquanto isso, Eli Vlaisavljevich irá projetar instrumentação de ultrassom focada para funcionar em culturas de células, bem como em sistemas vivos. O laboratório de ultrassom terapêutico e terapias não invasivas explora uma tecnologia chamada histotripsia, que é usada para gerar bolhas de cavitação no tecido que, quando estouradas, têm a capacidade de destruir tumores direcionados.
“O problema é a entrega – entregar o fármaco ao alvo certo. Isso é difícil de atingir, principalmente no cérebro. Um dos benefícios promissores que vimos é que o ultrassom focalizado pode ser usado para ‘abrir’ a barreira hematoencefálica e permitir a administração de medicamentos em tumores que normalmente são difíceis de alcançar para qualquer tipo de abordagem terapêutica”, disse Eli Vlaisavljevich.
Os gliomas difusos geralmente têm origem na base do cérebro perto da medula espinhal e viajam pelo sistema nervoso central através do líquido cefalorraquidiano, o que dificulta a cirurgia, a radiação e a quimioterapia.
Além do mais, o tumor pode invadir o tecido próximo e se estender além do que pode ser visto na ressonância magnética ou pelo cirurgião durante a cirurgia.
“Com o nosso estudo, podemos tentar ver de que forma adaptar esta terapia para ter a maior eficácia contra as células cancerígenas, com efeitos mínimos fora do alvo e toxicidade reduzida”.
Fonte: News Medical