“Foi muito assustador”: o testemunho de uma sobrevivente sobre o seu confinamento

Uma jovem de 20 anos, natural do Reino Unido, decidiu falar sobre a experiência da sua vivência durante a pandemia da COVID-19 após ter sobrevivido a uma leucemia, um dos tipos mais comuns de cancro que afeta as células sanguíneas e a resposta imunitária do corpo.

Diagnosticada com a doença quando tinha apenas 2 anos, Lucy Long não tem tido “uma vida fácil”.

“Aos 7 anos, depois de duros tratamentos, foi-me diagnosticada uma recidiva e tive que ser submetida a um transplante de medula óssea. A minha infância, ou grande parte dela, foi passada em hospitais”.

Agora, já curada, Lucy – como muitas outras sobreviventes – foi forçada a tomar precauções ainda mais rígidas durante a pandemia.

“Estive completamente isolada. Fui apenas eu durante todos estes meses. Sei que, como eu, muitos milhões de pessoas foram obrigadas a fazer o mesmo. No fundo, a minha experiência foi igual à de muitos outros jovens, que foram forçados a proteger-se da COVID-19 para sua própria segurança. Mas para quem é um sobrevivente, esta pandemia é ainda mais dura.”

“Senti-me muito sozinha”, diz Lucy.

“Eu não me podia relacionar com ninguém e, muitas vezes, senti-me um pouco incompreendida, porque nenhum dos meus amigos estava na mesma posição que eu. Este confinamento trouxe-me de volta memórias que eu achava já ter apagado da minha cabeça”, confessa, recordando o tempo em que foi obrigada a estar isolada, pouco depois de ser submetida a um transplante de medula.

Durante o confinamento, os níveis de stress e de ansiedade de Lucy aumentaram consideravelmente.

“Foi muito assustador sentir tudo aquilo que senti”.

Um estudo realizado pelo UK Coronavirus Cancer Monitoring Project descobriu que as pessoas com leucemia tinham um maior aumento no risco de doenças graves e morte para pacientes com cancro do sangue, e corriam mais riscos do que outros pacientes com cancro caso fossem infetados com coronavírus.

“Felizmente, as coisas estão, pouco a pouco, a melhorar. Estou mais otimista. Claro que, para conseguir sentir-me assim, devo muito ao apoio psicológico prestado pela Ellen Macarthur Cancer Trust”.

Esta organização britânica, fundada em 2003, concentra-se em inspirar jovens com idades entre os 8 e os 24 anos de idade a “acreditar num futuro melhor. Num futuro para além do cancro”.

“Para muitos jovens, é muito difícil tentarem recomeçar a sua vida após um diagnóstico, e consequente tratamento, de cancro. Por isso, dizemos que o nosso trabalho começa assim que terminam os tratamentos”, disse um porta-voz da organização.

“O isolamento, a solidão e a ansiedade vivenciados por jovens com cancro, ou sobreviventes de cancro, foram bastante amplificados pelo aparecimento da COVID e pelo confinamento. Mais do que nunca, sentimos que eles precisam de nós”.

Na semana passada, Lucy esteve presente numa das várias iniciativas desenvolvidas pela Ellen Macarthur Cancer Trust, onde teve a oportunidade de conviver com outros 7 jovens britânicos sobreviventes de cancro infantil.

“Estar com aquelas pessoas fez-me bem, fez-me acreditar novamente que serei capaz de sobreviver a mais esta provação. Ajudou-me com a minha autoestima. Estou preparada para o que aí vem”, disse Lucy.

Fonte: Kent Live

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