Fármacos para cancro do pulmão em adultos podem ser promissores contra cancro cerebral infantil

Médicos e especialistas do SJD Pediatric Cancer Center Barcelona (PCCB) del Hospital Sant Joan de Déu, em Espanha, trataram com sucesso um menino que sofria com um tumor cerebral incurável com dois medicamentos atualmente usados para combater o cancro do pulmão em adultos. 

Num comunicado, a unidade de saúde refere que administrou o tratamento à criança depois de realizar uma análise molecular do tumor, um glioma, em diferentes fases da sua evolução e de ter descoberto alterações genéticas que se alteraram com o tempo e que impuseram uma mudança na terapia direcionada ao tumor. 

A análise molecular revelou, em concreto, que o tumor apresentava uma alteração genética que envolvia o gene ALK, frequente no cancro do pulmão em adultos, pelo que teriam de encontrar um fármaco para tratar de forma dirigida esta alteração genética, sendo este também capaz de atuar no cérebro. 

Esta é a primeira vez, a nível mundial, que se administra o fármaco em causa numa criança com cancro cerebral, facto que levou os profissionais de saúde a entrarem em contacto com a farmacêutica que produz o medicamento para esta indicar qual seria a dose mais bem tolerada pela criança e, ao mesmo tempo, a mais eficaz. 

Semanas após ter recebido o tratamento, os médicos observaram que houve uma redução considerável do tamanho do tumor, chegando mesmo a ter quase desaparecido, contudo, três meses depois, o glioma ganhou resistência ao tratamento e cresceu novamente. 

O menino foi sujeito a uma nova operação, através da qual extraíram todo o tumor e voltaram a analisá-lo. Desta vez, detetaram uma segunda alteração no mesmo gene ALK, pelo que os médicos decidiram administrar ao doente outro fármaco indicado também para o cancro do pulmão em adultos. Novamente, o tumor regrediu, contudo, voltou a crescer. 

A próxima fase do tratamento foi a administração de radioterapia com protões à criança. Um ano após este tratamento, o tumor desapareceu e, até ao momento, não há evidência da existência da doença no menino. 

Atualmente, apesar de a criança ter um ligeiro atraso psicomotor, melhorou de forma significativa o seu estado de saúde e conseguiu voltar a caminhar, ainda que com ajuda, e comunicar.

Fonte: Europa press/Fotografia: Europa press Catalunya/Hospital Sant Joan de Déu

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