Uma nova investigação traz esperança para o tratamento dos gliomas de alto grau, um tipo de cancro cerebral muito agressivo e difícil de tratar, tanto em crianças como em adultos. Um estudo internacional liderado por investigadores da Universidade de Michigan (EUA), do Dana-Farber Cancer Institute (EUA) e da Universidade Médica de Viena (Áustria) revelou que o medicamento avapritinib, já aprovado para outros tipos de cancro, poderá ser eficaz contra este tumor cerebral raro.
A equipa centrou-se em tumores com alterações no gene PDGFRA, uma mutação comum nos gliomas de alto grau. Em testes realizados em modelos pré-clínicos com ratinhos, o avapritinib foi capaz de inibir eficazmente a sinalização do gene alterado e, o mais importante, atravessou a barreira hematoencefálica, um dos principais obstáculos no tratamento de tumores cerebrais.
“Tivemos uma resposta promissora em três dos primeiros oito doentes tratados com este fármaco,” explica Carl Koschmann, investigador da Universidade de Michigan, que integrou a equipa do estudo.
Com o apoio de um programa internacional de acesso expandido, oito doentes com glioma de alto grau receberam o medicamento, e três apresentaram redução do tumor, sem efeitos secundários graves registados. Estes dados preliminares abriram caminho para a inclusão do avapritinib num ensaio clínico pediátrico de fase I, já concluído, cujos resultados estão em análise.
O estudo, publicado na revista Cancer Cell, reforça o potencial deste medicamento — já aprovado nos Estados Unidos para o tratamento de tumores do estroma gastrointestinal com mutações específicas no gene PDGFRA — como uma nova arma no combate ao cancro cerebral pediátrico.
Apesar dos sinais promissores, os investigadores sublinham que o avapritinib não será suficiente por si só e que o verdadeiro avanço virá da combinação com outras terapias dirigidas, nomeadamente inibidores da via MAP quinase, uma estratégia já em estudo.
Com uma taxa de sobrevivência média inferior a dois anos, o glioma de alto grau continua a ser um dos maiores desafios da oncologia pediátrica. Este trabalho representa um passo importante no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados para estas crianças.
Fonte: News Medical