Recentemente, uma investigação que analisou quase 1,3 milhões de crianças associou um produto químico comum a uma maior incidência de cancros infantis específicos, incluindo linfoma.
Os ftalatos, um grupo de produtos químicos que desempenham um papel importante na durabilidade do plástico, são tão comuns no dia a dia que são apelidados de “produtos químicos do quotidiano”.
Mas, além de serem usados em inúmeros bens de consumo, os ftalatos também podem ser usados em medicamentos como um ingrediente inativo que auxilia na libertação tardia ou prolongada de medicamentos.
A investigação publicada no Journal of the National Cancer Institute concentrou-se na exposição infantil a ftalatos por meio de medicamentos – os cientistas analisaram os registos de todos as crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2017 e descobriram que, de 1,27 milhões de crianças, 2 027 foram diagnosticadas com cancro infantil.
De seguida, a pesquisa analisou se a exposição ao ftalato por meio de medicamentos durante o período gestacional e infantil estava associada de alguma forma à incidência de cancro entre essas 2 027 crianças.
O que os cientistas descobriram foi que, embora o uso de medicamentos com ftalatos durante o período gestacional parecesse não ter impacto, a exposição infantil a ftalatos por meio de medicamentos estava associada a uma taxa 20% maior de cancro infantil em geral.
“Estes resultados juntam-se a um crescente corpo de evidências que sugerem que estes produtos químicos têm um impacto negativo na saúde humana”, disse Thomas Ahern, da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.
De acordo com o autor principal, esta investigação “caracterizou a exposição ao ftalato com base na prescrição de medicamentos que continam este componente. Embora estas exposições sejam tipicamente de magnitude muito maior do que chamaríamos de exposição ambiental de fundo, as nossas descobertas justificam preocupação”.
No estudo, destacaram-se dois cancros específicos que pareceram estar associados à exposição ao ftalato – as taxas de diagnóstico de osteossarcoma em crianças com menos de 19 anos foram três vezes maiores quando a exposição ao ftalato estava presente, e a incidência de diagnóstico de linfoma duplicou.
O osteossarcoma é um cancro ósseo que afeta mais frequentemente as crianças; já o linfoma é um tipo de cancro do sangue.
Os investigadores não encontraram uma associação entre a exposição ao ftalato e a incidência de linfoma de Burkitt, uma forma mais rara de linfoma não-Hodgkin.
Apesar dos resultados, os cientistas afirmaram que serão necessários mais estudos para identificar a razão pela qual os ftalatos podem estar associados ao aumento da incidência de cancro e quais mecanismos podem estar a induzir a esse fato – “só assim poderemos reduzir o risco”, disseram.
Fonte: CTV News