As pesquisas na área da oncologia tendem a ter um rigor inferior ao esperado e a serem menos consistentes do que o que acontece com outras doenças, em parte devido a uma necessidade extrema para acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos.
As conclusões surgem de uma análise de quase 9 000 estudos clínicos publicados online na área da oncologia, que foi dada a conhecer a 29 de abril, na revista JAMA Internal Medicine, e que levanta algumas questões sobre o modo como as terapias contra o cancro podem funcionar na prática.
A avaliação, realizada pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos, surgiu no âmbito da Iniciativa de Transformação de Ensaios Clinicos, uma parceria público-privada fundada pelo regulador norte-americano para os medicamentos (FDA) e pela Universidade de Duke, para identificar e promover práticas que tenham em vista uma melhoria na investigação clínica.
“Precisamos perceber os pontos fortes e fracos dos estudos clínicos em oncologia”, disse Bradford Hirsch, o principal autor do estudo, recordando que “há uma série de razões pelas quais os estudos de cancro são diferentes dos de outras doenças – o cancro é uma doença muito grave e durante muito tempo não existiram opções de tratamento. Mas o que nós estamos a tentar perceber é se essas diferenças justificam mudanças na pesquisa clínica que tem vindo a ser conduzida. “
Hirsch e os seus colegas descobriram que os estudos em oncologia baseavam-se em ensaios clínicos de fase inicial, que avaliam um único tratamento sem o comparar com outras terapias.
“Uma tensão inerente surge entre o desejo de usar novos tratamentos que salvam vidas e o imperativo de desenvolver a evidência de que pacientes, médicos, agências reguladoras e grupos de defesa precisam de tomar decisões sensatas”, salienta Hirsch, acrescentando que, “infelizmente, a elevada prevalência de estudos de pequena dimensão que não têm rigor limita a capacidade de avaliar as provas dos tratamentos específicos.”
O líder do trabalho ressalva que a análise também mostra algumas disparidades entre a incidência e a mortalidade de alguns tipos de cancro e o volume de pesquisa clínica que tem vindo a ser conduzida.
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