O diagnóstico e tratamento do cancro pediátrico trazem mudanças substanciais ao dia a dia das famílias e ao modo como vivem os seus momentos especiais em família, contudo, segundo as conclusões de um estudo realizado pela investigadora Susana Santos, no âmbito do seu projeto de doutoramento na Universidade de Coimbra, a preservação, adaptação e desenvolvimento de rituais familiares significativos trazem contributos positivos para as famílias.
A pesquisa foi publicada recentemente no Journal of Pediatric Psychology, no âmbito do projeto de doutoramento da investigadora que se focou sobre os “Fatores familiares e adaptação no cancro pediátrico: Um estudo com crianças/adolescentes e seus cuidadores familiares”, e está a ser conduzido na Linha de Investigação “Relações, Desenvolvimento & Saúde” do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (Unidade I&D) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
O estudo, que avaliou 389 crianças e adolescentes e respetivos pais, demonstrou a importância dos rituais familiares nesta situação de adversidade, como, por exemplo, a hora de jantar, as celebrações anuais, como o Natal ou a Páscoa, e os fins de semana em família, para uma melhor adaptação dos pais e das crianças e adolescentes com cancro.
De acordo com Susana Santos, estes momentos familiares promovem a união da família e a esperança no futuro, o que contribui para uma melhor qualidade de vida das crianças e adolescentes com cancro e dos seus pais.
O relatório revela ainda que apesar das diferenças nas idades dos participantes (8-20 anos), das fases de tratamento em que se encontravam aquando do estudo (durante e após os tratamentos) e do nível socioeconómico das famílias (baixo/médio e alto), verificou-se em todos os casos que os rituais familiares com mais significado estavam associados a mais benefícios para pais e filhos.
A pesquisa, que no total reuniu dados de 444 famílias que recebiam acompanhamento médico em 3 hospitais: Hospital São João do Porto, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Porto (IPO do Porto) e Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, em Coimbra, realça a importância de apoiar as famílias de crianças e adolescentes com cancro a manter, transformar e desenvolver rituais familiares significativos que trazem contributos positivos para as famílias.
Os resultados deste projeto de doutoramento, que contou ainda com a participação das investigadoras e orientadoras Carla Crespo, Maria Cristina Canavarro e Anne E. Kazak, têm sido apresentados em vários congressos nacionais e internacionais e já mereceram o reconhecimento de júris na área da psico-oncologia e na área da medicina. O trabalho foi também distinguido com o 1º prémio na categoria de comunicações em formato de poster atribuído pela Sociedade Portuguesa de Oncologia no 13.º Congresso Nacional de Oncologia, que decorreu em novembro de 2014.
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