Estudo norte-americano avalia participação de crianças em ensaios clínicos

Historicamente, os pacientes com cancro infantil têm mais probabilidade de serem inscritos em ensaios clínicos do que pacientes adultos com cancro, uma vez que esta é, nalguns casos, parte integrante do seu tratamento.

Agora, um estudo realizado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, em colaboração com o Hospital Infantil do Colorado, mostrou que o número matrículas em ensaios clínicos na área da oncologia pediátrica estão a diminuir de forma progressiva: de 40% a 70% nos anos 90, para 20% a 25% no início dos anos 2000 até cerca de 19,9% atualmente.

“O cancro infantil é uma doença rara. Também por isso, altas taxas de inscrição em ensaios clínicos têm sido essenciais para melhorar os resultados dos nossos pacientes”, refere a principal autora do estudo, e oncologista pediátrica, Kelly Faulk.

Esta nova investigação utilizou dados Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER)para estimar o número geral de casos de cancro infantil diagnosticados entre 2004 e 2015 e, em seguida, comparou esse número com o número de pacientes inscritos em ensaios clínicos pelo Children’s Oncology Group, o maior grupo cooperativo na área da oncologia pediátrica.

“A redução no número de matrículas não é, necessariamente, uma má notícia. Uma razão pela qual a inscrição em ensaios clínicos pode estar a diminuir é que, ao longo dos anos, têm vindo a ser desenvolvidos tratamentos cada vez melhores para alguns dos cancros infantis mais comuns. Isso faz com o que foco, e os recursos, se tenham expandido para estudos sobre cancros mais raros que afetam, obrigatoriamente, menos crianças”.

Além disso, explicam os cientistas, os cancros pediátricos tendem a ter menos mutações do que os cancros em adultos, oferecendo menos alvos genéticos para novos medicamentos testados em muitos ensaios clínicos.

Ainda assim, afirma a investigadora principal, o financiamento muito baixo para a pesquisa na área da oncologia pediátrica limita a capacidade de criação de novos estudos.

Ao contrário de outras investigações sobre ensaios clínicos realizados em adultos, esta não encontrou disparidades raciais, étnicas ou socioeconómicas significativas na inscrição em ensaios pediátricos.

No entanto, a investigação revelou que o grupo de pacientes com idades entre os 15 e os 29 anos, ou seja, adolescentes e jovens adultos, continuam a ser negligenciados.

“Este grupo sente-se perdido, porque nem se encaixa nos cuidados pediátricos nem nos cuidados para adultos. É uma faixa etária complicada”.

Fonte: Eurekalert

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