Investigadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, acreditam ter descoberto que crianças com cancro não correm um maior risco de serem infetadas pelo novo coronavírus, a COVID-19.
Esta pesquisa, liderada pelo investigador Andrew Kung, presidente da Memorial Sloan Kettering Cancer Center Kids, foi publicada na revista JAMA Oncology.
O Memorial Sloan Kettering Cancer Center Kids é um dos maiores centros de oncologia pediátrica dos Estados Unidos, com uma população de pacientes que inclui crianças, adolescentes e jovens adultos com cancro.
A investigação concluiu que pacientes com cancro infantil não são mais vulneráveis que outras crianças à infeção por COVID-19 ou morbilidade resultante deste vírus.
De todas as crianças com cancro infetadas pelo novo coronavírus, 95% apresentaram sintomas leves e não necessitaram de internamento hospitalar.
Os médicos da instituição também testaram crianças com cancro assintomáticas, tendo encontrado uma taxa de 2,5% de positividade em comparação com quase 15% nos seus cuidadores adultos.
Apenas metade das crianças com cuidadores positivos para COVID-19 deram positivo para a doença; os investigadores também descobriram uma distorção sexual muito significativa, com a grande maioria das infeções por COVID-19 a ocorrem em crianças do sexo masculino.
Em conjunto, os resultados sugerem que crianças com cancro não são mais suscetíveis que outras crianças a infeções ou sintomas resultantes da COVID-19.
De 10 de março a 12 de abril de 2020, os investigadores instituíram um plano de triagem e testes para mitigar os riscos associados à infeção pela COVID-19.
Os pacientes foram rastreados quanto à exposição a contatos com infeção ou pela presença de sintomas da doença infeciosa. As pesquisas realizaram o teste da COVID-19 em pacientes pediátricos e aos seus cuidadores adultos. Dos 178 pacientes pediátricos com cancro testados, a taxa de positividade para a COVID-19 foi de 29,3% em crianças com sintomas, mas apenas 2,5% em crianças assintomáticas.
Dos 20 pacientes que apresentaram resultado positivo para a COVID-19, apenas 3 eram do sexo feminino.
Apenas um paciente infetado com COVID-19 necessitou de internamento hospitalar devido aos sintomas associados à doença; todos os outros pacientes pediátricos apresentaram sintomas leves e foram tratados em casa.
Dos 74 cuidadores adultos testados, 13 tiveram um resultado positivo para a COVID-19, incluindo uma taxa de 14,7% de infeção por COVID-19 em cuidadores assintomáticos. Apenas metade dos pacientes com cuidadores positivos para COVID-19 também deram positivo para o vírus, o que sugere uma baixa taxa de infecciosidade em crianças, apesar dos contatos domésticos próximos.
Embora os números gerais do estudo sejam pequenos, os dados confirmam que a morbilidade geral da doença em pacientes com cancro infantil é baixa.
“Sentimo-nos encorajados por estas descobertas mais recentes de que crianças com cancro não estão em maior risco de contrair COVID-19 e de que os seus sintomas são, em tudo, semelhantes aos de crianças saudáveis”, disse Andrew Kung.
Para o cientista, as descobertas permitem que os médicos continuem a administrar uma terapia direcionada a estes pacientes com cancro.
“Obviamente que temos que ter as devidas precauções e as devidas salvaguardas, mas quase de certeza que não temos que ter uma preocupação maior com os efeitos adversos da infeção pela COVID-19″.
Fonte: Eurekalert