Uma nova investigação irá tentar descobrir se um diagnóstico de cancro infantil pode ter por base possíveis causas ambientais.
Este projeto inovador está a ser realizado pelo Texas Children’s Hospital, um dos maiores centros de investigação de cancro pediátrico do mundo, localizado nos Estados Unidos, e a Oliver Foundation, uma associação fundada pelos pais de um menino de 12 anos que morreu vítima de leucemia mieloide aguda.
“Todos aqueles que queiram participar podem inscrever-se no site TheReasonsWhy.Us”, explicou Michael Scheurer, diretor do programa de prevenção e epidemiologia de cancro infantil do Texas Children’s Hospital.
Após a inscrição, os participantes são contactados pelos investigadores de forma a preencherem um questionário sobre o ambiente que os rodeia, desde a pré-conceção até à gravidez e infância, para que seja possível “identificar os contaminantes químicos nos lugares onde viveram, brincaram, trabalharam…”.
Segundo o especialista, esta investigação “permitirá que famílias que não vivem perto de um dos centros de estudo existentes possam participar na mesma”.
“No final do estudo”, disse, “se observarmos que vários tipos de cancro partilham de alguns fatores de risco, essa informação será muito importante. Ainda assim, queremos dar início a este projeto com um grupo muito homogénio de cancros, e examinar os pacientes segundo essa premissa”.
Quando Oliver morreu, em 2015, os seus pais, Simon e Vilma Strong, fizeram de tudo para perceber o que poderia ter causado aquela doença e de que forma ela podia ter sido evitada.
“Ainda hoje nos sentimos culpados porque usávamos, no nosso jardim, um herbicida que contém glifosato, um químico que, mais tarde, foi associado ao diagnóstico de leucemia por alguns estudos. Também equacionámos que poderia ter sido a relva sintética, feita de petroquímicos tóxicos, utilizada nos campos onde o nosso filho jogava futebol”.
Para além de cancro, a exposição a produtos químicos prejudiciais pode levar a dificuldades de aprendizagem e comportamentais, atrasos no desenvolvimento, danos reprodutivos e doenças crónicas, incluindo doenças autoimunes, asma e obesidade.
“O trabalho de prevenção a esses danos à saúde só pode ser feito se aumentarmos os nossos esforços para identificar as causas – incluindo poluentes industriais e ambientais – e reduzi-los ou substituí-los para evitar exposições prejudiciais”, afirmou Michael Scheurer.
A família de Oliver pode nunca vir a saber exatamente o que causou o cancro que tirou a vida ao seu filho.
“Mas”, diz Michael, “esta investigação que estamos a lançar e para a qual eles foram fundamentais pode ajudar-nos a identificar os contribuintes ambientais para o cancro e para outras doenças. Mais, esse conhecimento pode levar à criação de novas políticas e de novas práticas para que consigamos proteger de forma mais eficaz as famílias de produtos tóxicos e da poluição”.
Fonte: Environmental Health News