De acordo com um novo estudo apresentado na European Society for Medical Oncology (ESMO), pessoas que sofreram de cancro envelhecem mais rapidamente do que pessoas que não tiveram a doença.
Hoje em dia, graças a diagnósticos e tratamentos mais eficazes, o número de sobreviventes de cancro tem vindo a aumentar, existindo hoje mais de 30 milhões de pessoas a nível global que sobreviveram a um cancro. Mas, e segundo investigadores, estes mesmos sobreviventes têm mais probabilidades de desenvolver problemas a longo prazo, e numa idade mais jovem do que a população geral.
Os investigadores acreditam que isso se deve aos danos causados pela quimioterapia e pela radioterapia a tecidos normalmente saudáveis. Estes tipos de tratamento podem reduzir a chamada “reserva fisiológica” e a capacidade natural do organismo de superar fatores internos e externos do stress biológico.
Através de uma investigação exaustiva, os especialistas descobriram vários efeitos secundários e complicações tardias em sobreviventes que podem ter implicações para os pacientes: segundo o estudo, pessoas que sobreviveram a um cancro infantil têm uma probabilidade entre três a seis vezes maior de desenvolver um segundo cancro; a expetativa de vida estimada de pessoas que sobreviveram a um cancro infantil é 30 por cento mais baixa do que a da população em geral; o tratamento de longo prazo com esteroides, algo que faz parte de muitas estratégias de tratamento, está associado a maiores riscos de cataratas, osteoporose, danos neurais, afinamento da pele e infeções; entre outras.
Contudo, e apesar destes efeitos secundários indesejáveis, os cientistas disseram que o tratamento nunca deve ser negligenciado, até porque o envelhecimento “faz parte da vida”. Mas o agravamento do envelhecimento, decorrente do tratamento, sentido por muitos sobreviventes é algo que pode e deve ser minimizado. Primeiro porque os sobreviventes merecem, e segundo porque é um problema de saúde pública, disseram os investigadores.
“Acreditamos que os sobreviventes de cancro merecem um acompanhamento médico de longo prazo de forma a mitigar os efeitos tardios”, concluíram os especialistas da organização Cancer Research UK.
“Os resultados deste estudo mostram que temos de fazer mais para assegurar uma boa qualidade de vida aos sobreviventes. Precisamos de fazer mais pesquisas para desenvolver tratamentos igualmente eficazes mas mais “suaves”, que tenham menos efeitos secundários de curto e longo prazo.”
Os investigadores destacam ainda que estas conclusões mostram que “sendo que o índice de sobrevivência é importante, não é o único critério para avaliar o sucesso dos tratamentos contra o cancro. Uma parte importante do tratamentos deve ser a possibilidade dos pacientes discutirem com o médico de que forma a doença pode afetar a sua qualidade de vida a longo prazo”.
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