Estudo indica que microbioma pode prever infeções sanguíneas em pacientes com cancro pediátrico

Um estudo realizado por investigadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, explorou possíveis causas de infeções sanguíneas associadas a casos de cancro, ou seja, mudanças no microbioma, a comunidade de micro-organismos que vivem dentro do corpo humano.
Os investigadores, que também trabalham no Hospital Pediátrico do Colorado, quiseram observar se a composição do microbioma de um paciente com cancro poderia prever quem iria desenvolver infeções de sangue e Clostridium difficile (C. diff), uma bactéria do trato intestinal.
Para tal, os especialistas analisaram amostras recolhidas durante um surto de C.diff, em 2012; de outubro a dezembro desse ano, foram recolhidas amostras de fezes de todos os pacientes de oncologia pediátrica admitidos no hospital, para verificar a colonização da bactéria. 
Alguns desses pacientes desenvolveram posteriormente infeções por C. diff e, como se esperava, algumas infeções de sangue. O facto das amostras de fezes terem sido preservadas permitiu que o estudo atual explorasse a ligação entre a composição dos microbiomas dos pacientes (através dos micro-organismos identificados nas fezes) e esses dois tipos de infeção.
Ao todo, foram recolhidas amostras de 42 pacientes. 
Os investigadores verificaram que, primeiro, nessa população a composição do microbioma diferiu com base no tipo de cancro do paciente e no tipo de tratamento, ou seja, a localização e o tipo de cancro, juntamente com os tratamentos, que afetaram a diversidade e a composição dos microbiomas dos pacientes, sendo que microbiomas de pacientes que receberam transplantes de medula óssea e terapias subsequentes foram os mais afetados.
Em segundo lugar, a composição do microbioma não previu necessariamente quais os pacientes que desenvolveriam infeções por C. diff, contudo, os investigadores ressaltaram que o tamanho da amostra, relativamente pequeno, pode ter contribuído para a não descoberta de uma conexão significativa entre a composição do microbioma e a infeção pela bactéria, pelo que os especialistas esperam, em breve, realizar mais estudos sobre a temática. 
No entanto, a composição do microbioma de um paciente conseguiu prever se este desenvolveria uma infeção no sangue. Especificamente, os seis pacientes que desenvolveram infeções sanguíneas reduziram significativamente a diversidade de microbiomas, quando comparados com os pacientes que não apresentaram infeções. 
Além disso, quando os especialistas examinaram os tipos de bactérias implicadas nessas infeções, três dos seis pacientes que desenvolveram infeções sanguíneas foram infetados com tipos de bactérias que eram especificamente abundantes nas suas amostras de microbioma.
Apesar dos resultados, os investigadores acreditam que ainda é muito cedo “para sugerir que os oncologistas pediátricos façam previsões ou manipulem os microbiomas dos pacientes”; contudo, o estudo enfatiza a importância do microbioma no tratamento do cancro. 
O estudo publicado na PLoS One irá agora iniciar uma próxima fase, onde os investigadores irão acompanhar pacientes por um ano após a admissão hospitalar para determinar de que forma o microbioma muda ao longo do tempo em resposta ao tratamento do cancro. 
Este artigo foi úlil para si?
SimNão

Deixe um comentário

Newsletter