Estudo aponta urgência de vigilância hormonal em crianças com tumores cerebrais

Um estudo realizado no Children’s Hospital Los Angeles, nos Estados Unidos, revelou que as crianças tratadas com inibidores de checkpoint imunológico (ICI) para tumores cerebrais não têm recebido um acompanhamento adequado das suas funções hormonais, com foco principal na tiroide. Esta falta de vigilância abrangente pode deixar outras disfunções endócrinas sem diagnóstico, comprometendo o desenvolvimento e bem-estar destas crianças.

Principais resultados:

      • Monitorização insuficiente: 18 das 22 crianças incluídas no estudo realizaram testes hormonais antes de iniciar o tratamento com ICI, e a maioria concentrou-se exclusivamente na avaliação da função tiroideia (TSH e T4 livre).
      • Diagnósticos limitados: após o início do tratamento, dois pacientes (9%) foram diagnosticados com hipotireoidismo. Nenhum outro problema endócrino foi identificado.
      • População estudada: os participantes tinham uma média de 7,6 anos e o tipo de tumor mais comum foi o astrocitoma anaplásico (27,3%), seguido de glioblastoma (22,8%).

Falhas na monitorização endócrina

O estudo destacou que a vigilância de outros sistemas hormonais, como a função adrenal, hipofisária, reprodutiva e diabetes, foi muito limitada:

      • Apenas sete pacientes tiveram avaliação da função adrenal durante ou após o tratamento.
      • Seis pacientes foram monitorizados quanto a hormonas reprodutivas e hipofisárias.
      • Apenas quatro foram avaliados para diabetes.

Estes dados sublinham a necessidade de protocolos mais abrangentes, já que disfunções endócrinas como diabetes tipo 1 e insuficiência adrenal podem ter um impacto significativo no crescimento e desenvolvimento das crianças.

Importância de protocolos específicos para oncologia pediátrica

Apesar de existirem diretrizes claras para o acompanhamento de efeitos endócrinos em adultos tratados com ICI, não há protocolos específicos para pacientes pediátricos. Este estudo aponta para a urgência de desenvolver recomendações que incluam testes regulares de hemoglobina glicada, peptídeo C e marcadores de crescimento e puberdade.

Limitações do estudo

Os investigadores reconheceram várias limitações, incluindo:

      • baixo número de participantes (22 crianças) num único centro hospitalar.
      • A utilização dos ICI em fases avançadas da doença, o que dificulta a análise de relações causais entre o tratamento e disfunções hormonais.
      • Fatores de confusão, como a radioterapia e outros tratamentos prévios, que também podem causar problemas endócrinos.

Fonte: Medscape

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