A longo prazo, o diagnóstico de cancro infantil e os efeitos somáticos tardios induzidos pelo tratamento podem afetar a saúde mental dos sobreviventes.
Uma nova investigação teve como objetivo analisar se sobreviventes de cancro infantil correm um maior risco de transtornos psiquiátricos mais tarde na vida do que os seus irmãos saudáveis e a população em geral.
Nesta investigação, feita com base num programa de pesquisa intitulado Socioeconomic Consequences in Adult Life after Childhood Cancer [SALiCCS] research programme, foram incluídos sobreviventes de cancro infantil diagnosticados antes dos 20 anos de idade entre 1 de janeiro de 1974 e 31 de dezembro de 2011, na Dinamarca, Finlândia e Suécia.
Os sobreviventes foram comparados com os seus irmãos e indivíduos selecionados aleatoriamente da população em geral que foram pareados com os sobreviventes por ano de nascimento, sexo e região geográfica.
Os cientistas acompanharam a população do estudo 5 anos após o diagnóstico de cancro infantil, tendo avaliado informações sobre contatos hospitalares para quaisquer transtornos psiquiátricos específicos. Para irmãos, a data-índice foi definida como 5 anos a partir da data em que eles tinham a mesma idade do irmão sobrevivente ao serem diagnosticados com cancro.
A população do estudo incluiu 18 621 sobreviventes de cancro infantil (53,3% do sexo masculino e 46,7% do sexo feminino), 24 775 irmãos (50,8% do sexo masculino e 49,2% do sexo feminino), 88 630 pessoas da população em geral.
A proporção de incidência cumulativa de ter tido contato com um hospital psiquiátrico até os 30 anos de idade entre 1 de janeiro de 1979 e 11 de agosto de 2017 foi de 15,9% para sobreviventes de cancro infantil, 14% para irmãos e 12% para os indivíduos da população em geral.
Apesar de ser uma pequena diferença, os sobreviventes mostraram um maior risco relativo de qualquer contato com hospital psiquiátrico do que os seus irmãos e do que as pessoas da população em geral.
O risco persistiu até os sobreviventes completarem 50 anos de idade.
Os sobreviventes tiveram uma carga maior de contatos hospitalares psiquiátricos recorrentes e tiveram mais contatos hospitalares para diferentes transtornos psiquiátricos do que seus irmãos e do que a população em geral.
De acordo com os cientistas, para melhorar a saúde mental e a qualidade geral de vida após o cancro infantil, os cuidados ao sobrevivente devem incluir especial atenção aos primeiros sinais de problemas de saúde mental, especialmente entre grupos de sobreviventes de alto risco.
Fonte: The Lancet