Estilo de vida saudável associado à redução do risco de mortalidade em sobreviventes de cancro infantil

Um relatório do Childhood Cancer Survivor Study (CCSS) fornece fortes evidências da importância de um estilo de vida saudável para adultos sobreviventes de cancro em idade pediátrica. O estudo é também o primeiro a descobrir que as causas primárias específicas de morte em sobreviventes de longo prazo são muitas das mesmas principais causas de morte na população em geral dos Estados Unidos, geralmente a ocorrer em idades mais jovens do que o esperado.

A investigação mostrou que adultos sobreviventes de cancro infantil apresentam quatro vezes mais risco de mortalidade do que a população em geral, mesmo 40 anos após o diagnóstico. Contudo, revelou igualmente dados otimistas: os sobreviventes com estilo de vida saudável e sem fatores de risco cardiovascular tiveram um risco menor de morte, sugerindo que os sobreviventes podem melhorar as suas probabilidades de viverem mais anos. Por exemplo, os sobreviventes que mantêm um estilo de vida saudável tiveram um risco 20% menor de mortalidade do que aqueles que seguem um estilo de vida pouco saudável. Os resultados do estudo, realizado por investigadores do St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, foram publicados na revista The Lancet.

Apesar de haver um excesso de mortalidade em sobreviventes de cancro pediátrico, os cientistas descobriram que os comportamentos de saúde dos pacientes tiveram impacto no seu risco de morte. Manter um estilo de vida saudável (definido como ter um peso saudável, não beber mais do que uma quantidade moderada de álcool, não fumar e exercitar-se com intensidade recomendada ou acima das diretrizes internacionais) foi associado a uma redução de 20% no risco de mortalidade, em comparação com aqueles que não o fizeram.

“Essas descobertas fornecem evidências importantes de que o alto risco de mortalidade que essa população enfrenta pode ser reduzido por meio de mudanças nos seus comportamentos de saúde”, disse o principal autor do estudo, Greg Armstrong. “Isso é importante porque o nosso objetivo é prolongar o tempo de vida dos sobreviventes e também melhorar o seu tempo de vida com saúde”, acrescentou.

Além do estilo de vida, vários fatores de risco importantes para doenças cardíacas e problemas relacionados foram associados a uma maior probabilidade de morte. Por exemplo, os sobreviventes com hipertensão ou diabetes tiveram uma taxa de mortalidade significativamente maior do que os sobreviventes sem essas condições. No entanto, essas condições são modificáveis – os pacientes podem melhorá-las ou preveni-las, e os médicos podem fornecer tratamentos eficazes contra essas doenças.

“Muitos estudos demonstraram que os sobreviventes são vulneráveis ao início precoce de doenças crónicas e mortalidade”, disse a coautora da investigação Melissa Hudson. “O estudo destaca a importância de encorajar os sobreviventes a ter um estilo de vida saudável e controlar os fatores de risco de doenças cardiovasculares para melhorar a sua saúde e expetativa de vida”, sublinhou a investigadora.

Além da importância dos fatores de risco potencialmente modificáveis, este relatório é o primeiro a detalhar que as causas primárias específicas de morte em sobreviventes de longo prazo são semelhantes às principais causas de morte na população dos Estados Unidos, ocorrendo mais cedo em sobreviventes.

“Identificámos que os sobreviventes de longo prazo do cancro infantil estão a registar um número de mortes além do que seria esperado para a população em geral”, afirmou a cientista Stephanie Dixon.

“Fomos os primeiros a descobrir que décadas após o tratamento, essas mortes em excesso são predominantemente devidas às mesmas principais causas de morte da população em geral, incluindo segundo cancro, doença cardíaca, doença cerebrovascular/derrame, doença hepática e renal crónica e doenças infeciosas, as quais ocorrem numa idade mais jovem e em taxas mais altas em sobreviventes de cancro pediátrico”, acrescentou Dixon.

O dado mais importante deste estudo mostra que, “independentemente das exposições anteriores ao tratamento e dos fatores sociodemográficos, um estilo de vida saudável e a ausência de hipertensão ou diabetes foram associados a um risco reduzido de mortalidade relacionada com problemas de saúde” entre sobreviventes, afirmou ainda.

“Isso sugere que, embora sejam necessários esforços contínuos para reduzir a intensidade do tratamento, mantendo (ou melhorando) a sobrevida a cinco anos, investigações futuras também devem concentrar-se em intervenções que promovam um estilo de vida saudável e reduzam os fatores de risco cardiovascular que podem precisar de ser adaptados aos sobreviventes, com o objetivo de reduzir a ocorrência de doenças crónicas e prolongar a expetativa de vida dos sobreviventes de cancro infantil”, concluiu a investigadora. 

Fonte: St. Jude Children’s Research Hospital

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