No Reino Unido, o cancro pediátrico é a principal causa de morte por doença em crianças dos 0 aos 14 anos, sendo diagnosticadas 1900 crianças. O tempo de diagnóstico é longo, o que contribui para atrasos no tratamento e para que o cancro seja diagnosticado em fases avançadas. Numa nova análise publicada na EJC: Paediatric Oncology, especialistas apelam a que seja dada prioridade à investigação sobre o rastreio populacional e a vigilância orientada do cancro pediátrico.
De acordo com a análise, o cancro pediátrico pode, frequentemente, estar ligado a condições de predisposição hereditária ou a mutações genéticas. Os autores afirmam que a investigação e a vigilância poderiam conduzir a uma deteção precoce, melhorando as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida dos jovens com cancro.
“Os sintomas são difíceis de detetar pelas famílias e pelos profissionais de saúde, pelo que a investigação sobre a deteção do cancro antes do aparecimento dos sintomas oferece uma abordagem que tornaria todas as crianças mais seguras”, afirma David Walker, Professor de Oncologia Pediátrica na Universidade de Nottingham (Inglaterra) e co-autor do artigo.
Estes especialistas, defendem ainda que um programa de rastreio estruturado poderia identificar crianças em risco e conduzir a mais testes durante períodos específicos da sua infância. John Apps, Professor Associado de Clínica em Neuro-Oncologia Pediátrica na Universidade de Birmingham (Inglaterra), reforça a importância de se compreender os riscos associados às mutações genéticas e a necessidade de programas eficazes de rastreio e vigilância.
Tori Reeve, pai de Wilf – diagnosticado aos seis anos com um tumor de Wilms de fase 4, um cancro nos rins – acredita que se o cancro tivesse sido detetado mais cedo, Wilf poderia ter recebido um tratamento menos invasivo e terem sido evitados alguns dos traumas físicos e psicológicos que sofreu.
“Encontrar e desenvolver novos métodos e estratégias para acelerar a deteção do cancro em crianças e jovens deve ser uma prioridade fundamental da investigação sobre o cancro. Queremos garantir que os cancros pediátricos não são deixados para trás”, afirma Ashley Ball-Gamble, diretora executiva do Children’s Cancer and Leukaemia Group (Reino Unido).
Fonte: Businessmole