Jesus Cepero, Vice-presidente sénior e Diretor de Enfermagem do Stanford Medicine Children’s Health, na Califórnia, nos Estados Unidos, considera que uma componente essencial para revolucionar a cultura hospitalar na área da Oncologia Pediátrica deve priorizar a criação de uma abordagem holística no que se refere aos cuidados oncológicos pediátricos.
“Uma abordagem holística dos cuidados [nesta área] deve continuar a ser o foco da formação dos profissionais de saúde e ser orientada para evoluir e crescer”, afirmou Cepero, em entrevista ao Oncology Nursing News.
“Formar e promover os nossos futuros profissionais de enfermagem com base nessa abordagem será essencial para que esta seja uma realidade no futuro”, acrescentou o especialista.
Jesus Cepero, que trabalha há quase 40 anos no serviço de enfermagem em oncologia pediátrica e 25 anos em cargo de liderança, explica que “um ambiente de cuidado holístico é aquele em que a filosofia da equipa e da instituição está centrada no cuidado do paciente e da sua família com ênfase na mente, no corpo e no espírito. Os profissionais não estão ali apenas para cuidar da sua doença. Quando prestamos cuidados de saúde, também avaliamos e gerimos o estado de saúde mental do paciente, bem como as suas necessidades de foro espiritual. Se assim o fizermos, a experiência do paciente será muito melhor”.
Um estudo no qual o especialista participou revelou que os resultados em saúde são otimizados quando existem cuidados holísticos, onde os membros da família do doente são elementos-chave nas decisões sobre os cuidados prestados ao doente.
“Não estamos só a cuidar do paciente, mas a interagir com ele e a permitir a participação dos seus familiares. Num ambiente holístico, reconhecemos ainda que os irmãos também fazem parte da equipa de cuidados. Permitimos que a visita familiar não apenas promova e melhore o cuidado prestado ao paciente, mas [melhore] o processo de cura também”, exemplifica.
Adicionalmente, num ambiente holístico, “[reconhecemos] que a espiritualidade significa muito para o paciente e para a sua família e [que precisamos] de recursos e espaço disponíveis para que eles possam praticar as suas crenças espirituais”, refere.
Além disso, também são envolvidas nos cuidados oncológicos prestados a crianças e jovens animais treinados e outras ferramentas que permitam melhorar não só a saúde física, mas também mental, que estão interligadas e devem ser trabalhadas em conjunto, indica o especialista, o qual defende que, sempre que possível, os cuidados devem ser prestados na casa do doente.
Jesus Cepero acredita que o tratamento do cancro infantil vai evoluir para um ambiente de atendimento domiciliar. “Temos de parar de pensar nos serviços de saúde oncológicos apenas como serviços hospitalares; temos de criar processos e formar pessoas para poder oferecer mais cuidados oncológicos em casa. Vejo oportunidades para criar ambientes em casa onde os pacientes possam receber os cuidados tão bem quanto nos hospitais”, afirma o especialista.
Na verdade, numa abordagem holística em pleno, “o melhor lugar para [um paciente] receber cuidados é em casa, onde se sente mais confortável e cercado pelos seus entes queridos”, sublinha, defendendo que deve haver mais formação, quer ao nível hospitalar, quer dos profissionais de saúde e mesmo nas instituições de ensino de saúde, na área da abordagem holística dos doentes oncológicos pediátricos, e da transição para cuidados de saúde prestados no domicílio.
Fonte: Oncology Nursing News/Fotografia DR