De acordo com Maria Verónica Câmara dos Santos, “os quimioterápicos, especialmente as antraciclinas, e o tratamento radioterápico, apesar de exercerem um efeito importante numa possível cura, são fatores de complicação no sistema cardiovascular. Crianças, assim como idosos, são mais vulneráveis a esses efeitos secundários”.
A coordenadora explica que o coração da criança é especialmente sensível aos efeitos tóxicos do tratamento, por conta de fatores inerentes ao constante processo de crescimento e desenvolvimento corporal.
A especialista lembrou ainda que a insuficiência cardíaca é a mais frequente entre as complicações decorrentes da doença e tratá-la pode ser um grande desafio: “em alguns casos, o tratamento oncológico precisa ser modificado, ou até mesmo interrompido, para dar lugar ao tratamento cardiológico”, explica.
É por esta explicação que a médica entende ser fundamental a parceria entre um médico oncologista e um cardiologista, de forma a proporcionar uma maior segurança no tratamento do cancro infantil. Daí que o acompanhamento do paciente antes, durante e após o tratamento pode ajudar no controlo de eventuais efeitos secundários.
“Muitas das complicações podem ser prevenidas com o uso de medicamentos específicos e, se diagnosticadas em tempo útil, as hipóteses de controlo e tratamento são bastante elevadas. Alguns pacientes passam pelo tratamento de forma aparentemente tranquila e só manifestam as complicações meses ou anos após o tratamento.” E é por isso que “o acompanhamento com um cardiologista” é tão importante.
Segundo as estatísticas, as complicações cardíacas são a terceira causa de morte de pacientes oncológicos.
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