A falta de incentivos e a reduzida valorização profissional dos investigadores têm contribuído para a escassez de ensaios clínicos em Portugal.
As conclusões surgem do estudo “Ensaios Clínicos em Portugal: Consensos e Compromissos”, da Escola Nacional de Saúde Pública, divulgado esta quarta-feira, que foi elaborado por um grupo de peritos com o objetivo de “identificar pistas para alcançar maior cooperação nacional e maior competitividade internacional” na área dos ensaios clínicos.
A pesquisa identificou assim a falta de incentivos e a pouca valorização dada ao investigador como os principais constrangimentos e desafios na área dos ensaios clínicos em Portugal, aos quais se juntam a reduzida visibilidade e a ausência de uma plataforma de divulgação.
Segundo os especialistas, a falta de orientação da gestão hospitalar para a investigação clínica e a constante derrapagem nos prazos legais de aprovação dos ensaios clínicos contribuem também para o seu reduzido número.
A criação de centros de ensaio com uma gestão e infraestruturas orientadas para apoiar e conduzir ensaios clínicos e a implementação de estratégias para melhorar a taxa de recrutamento e retenção surgem entre algumas das propostas aos problemas identificados.
O reforço da cooperação entre os principais intervenientes, a regulamentação dos incentivos para a participação dos profissionais envolvidos, a criação de uma agenda nacional para a investigação clínica e a uniformização da documentação foram outras das soluções apresentadas no trabalho.
Para os especialistas, é fundamental que o Ministério da Saúde reconheça “a importância dos ensaios clínicos em Portugal” e envolva o doente em todo o processo, promovendo a sua literacia em investigação clínica.
Neste âmbito, sugerem os especialistas, a tutela deve assumir um papel crucial no que diz respeito à identificação das áreas de excelência e à sua divulgação internacional, bem como na definição de áreas prioritárias e estratégicas para investir em investigação clínica e na determinação dos critérios para a criação dos centros de investigação e para a definição dos indicadores de desempenho.
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