Os sobreviventes jovens/adultos de cancro pediátrico apresentam uma taxa mais alta de comorbidade, quando comparado com os seus irmãos saudáveis e a população em geral, e essa taxa mais elevada aumenta o risco de morte, concluiu um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology.
Os investigadores pontuaram os níveis de comorbidade de um grupo de sobreviventes de cancro pediátrico e dos seus irmãos utilizando a Cumulative Illness Rating Scale-Geriatric (CIRS-G) – Escala de Classificação de Doença Cumulativa para Geriatria. A pontuação média foi de 5,75 entre os sobreviventes vs. 3,44 entre os irmãos no início do estudo.
A pontuação mediana total foi de 2,98 vs. 2,37, respetivamente, o índice médio de gravidade foi de 1,71 vs. 1,19, o número médio de condições de grau 3 ou superior foi de 0,62 vs. 0,21 (P < 0,01), e o número médio de condições de grau 4 foi 0,25 vs. 0,04.
O acompanhamento dos participantes ocorreu por um período de cerca de 20 anos. A pontuação total mediana no início do estudo foi de 7,76 contra 4,79 entre sobreviventes e irmãos, respetivamente. Além disso, a pontuação mediana das categorias totais foi de 3,84 vs. 3,01, respetivamente, o índice médio de gravidade foi de 1,84 vs. 1,41, a média de grau 3 ou condições superiores foi de 0,82 vs. 0,35, e a média das condições de grau 4 foi de 0,25 vs. 0,08, respetivamente. Os sobreviventes também tiveram pontuações médias mais altas, em comparação com a população em geral.
Desde o início do estudo até o fim do período de acompanhamento, os scores totais médios aumentaram mais acentuadamente entre os sobreviventes – de 2,89 para homens e 3,18 para sobreviventes do sexo feminino – em comparação com irmãos, que experimentaram aumentos de 1,79 para homens e 1,69 para mulheres e entre a população em geral, que registou aumentos de 2,0 para homens e 1,94 para mulheres. O risco de morte entre os sobreviventes aumentou 9% para cada aumento de ponto na pontuação total desde o início do estudo.
“Embora os participantes fossem muito mais jovens em idade cronológica, o uso [da CIRS-G] fornece uma abordagem robusta para comparar a trajetória do envelhecimento entre sobreviventes de cancro infantil, irmãos e a população em geral e permitiu prever o risco de mortalidade durante o período do estudo”, disseram os investigadores.
“Assim, este instrumento pode ter utilidade para prever os resultados de saúde em adultos sobreviventes de cancro infantil à medida que avançam para a idade adulta. Como uma medida de avaliação da acumulação de doenças, a CIRS-G pode ser usada por médicos para identificar indivíduos com maior risco de mortalidade precoce e direcioná-los para uma monitorização rigorosa de condições mórbidas e possível intervenção”, acrescentaram.
O estudo foi realizado com base na análise de dados de sobreviventes de cancro pediátrico e irmãos inscritos no Childhood Cancer Survivor Study. No total, incluiu informação sobre 14 355 sobreviventes e 4 022 irmãos que participaram de um estudo inicial entre 1992 e 2005. Desse total, 6 138 sobreviventes e 1 801 irmãos completaram o período de acompanhamento entre 2014 e 2016. Os investigadores também recolheram dados de 31 126 indivíduos da população em geral.
A leucemia foi o cancro mais comum entre os sobreviventes, afetando 30,2% dessa população. Os sobreviventes foram tratados sobretudo com cirurgia (68,2%), radiação (71,2%) e quimioterapia (69,4%).
“A CIRS-G fornece evidências de que o envelhecimento acelerado é provável em sobreviventes de cancro pediátrico e constitui uma ferramenta para acompanhamento e antecipação de necessidades clínicas ao longo do tempo”, concluíram os autores do estudo.
Fonte: Cancer Network