Ensaios clínicos em doentes oncológicos em risco em Portugal

A Fundação Champalimaud admite dificuldades na realização de ensaios clínicos em Portugal na área da oncologia, devido aos entraves que têm sido estabelecidos pelas próprias farmacêuticas, em consequência da demora na aprovação dos processos por parte das autoridades competentes. Actualmente, apesar de não existirem dados estatísticos efectivos nesse sentido, estima-se que apenas 2% dos doentes tenham acesso a ensaios clínicos em Portugal.

Fátima Cardoso, directora da Unidade de Cancro da Mama da Fundação Champalimaud, sublinha que os ensaios clínicos em Portugal estão em risco porque a “indústria farmacêutica está a excluir Portugal”, não só pela dificuldade na aprovação por parte do Infarmed e da Comissão de Ética para a Investigação Clínica, a quem atribui responsabilidades, mas também pelo investimento que tem de ser feito.

“Fazem-se muito poucos ensaios em Portugal, cada vez menos”, disse, acrescentando que “o grande problema é que as grandes indústrias farmacêuticas estão a riscar Portugal da lista de países onde os querem fazer” porque não oferece condições.

No entender da especialista, além da perspectiva de cura, integrar os doentes nos ensaios clínicos contribuiria, de igual modo, “para melhorar a imagem do país no estrangeiro”.
 
Fátima Cardoso defende que é preciso “mudar a actual situação”, fazendo com que “a aplicação da legislação e a burocracia dos diferentes intervenientes sejam mais céleres”, para que doentes oncológicos não sejam excluídos da hipótese de testar um novo produto.

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