Ensaio clínico revela que o fármaco nivolumab é mais seguro e eficaz contra o linfoma de Hodgkin

O fármaco de imunoterapia amplamente utilizado nivolumab (Opdivo) é mais seguro e eficaz no tratamento de adultos e crianças com linfoma de Hodgkin avançado do que a terapia direcionada usada atualmente como tratamento padrão contra este tipo de cancro, mostram os resultados de um ensaio clínico.

O nivolumab superou o medicamento brentuximab vedotin (Adcetris), estendendo a sobrevida livre de progressão da doença em 94% num ano, em comparação com 86%, disse o investigador principal Dr. Alex Herrera, hematologista-oncologista.

Aprovado em 2018 como tratamento de primeira linha para adultos com linfoma de Hodgkin avançado, o brentuximab vedotin é um medicamento baseado em anticorpos que se liga às células cancerígenas e administra um composto que causa a morte celular.

A adição de brentuximab vedotin à quimioterapia melhorou os resultados e a sobrevida, mas o fármaco também aumentou os efeitos colaterais em pacientes adultos e pediátricos, disse Herrera. Além disso, até 60% dos pacientes pediátricos com linfoma de Hodgkin também precisaram de radioterapia com esse regime, o que aumenta o risco de problemas de saúde a longo prazo.

O nivolumab revelou ser uma alternativa potencial ao brentuximab vedotin, destacou o investigador. Algumas células cancerígenas têm uma proteína chamada PD-L1 que as “esconde” das células T de defesa do organismo. O nivolumab impede que a PD-L1 funcione, permitindo que as células imunológicas atinjam e destruam os tumores. O nivolumab, da farmacêutica Bristol Myers Squibb, já está aprovado para tratar vários tipos de cancro.

Para este ensaio clínico, os cientistas recrutaram quase 1000 pacientes com linfoma de Hodgkin, com 12 anos ou mais anos de idade, que não receberam nenhum tratamento. Metade foi designada para receber nivolumab com quimioterapia, e os outros foram tratados com brentuximab vedotin e quimioterapia.

Um ano depois, o nivolumab assegurou uma redução de 52% no risco de morte relacionado com a doença, em comparação com o brentuximab vedotin, mostraram os resultados. Os pacientes que receberam nivolumab também tiveram menos efeitos colaterais, incluindo menos infeção, sépsis e neuropatia.

Cerca de 22% dos pacientes que receberam brentuximab vedotin tiveram de interromper o tratamento devido a efeitos colaterais, em comparação com 11% dos pacientes tratados com nivolumab.

Esses resultados podem significar a necessidade de avançar com um novo padrão de tratamento contra este tipo de cancro para adultos e crianças, disse a diretora médica da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), Dra. Julie Gralow. “Posso dizer que os médicos especializados em linfoma de Hodgkin estão realmente entusiasmados com o nivolumab”, sublinhou Gralow.

O Dr. Oreofe Odejide, oncologista hematológico do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston, nos Estados Unidos, concordou. “Este ensaio foi um esforço sem precedentes em todos os grupos cooperativos de ensaios clínicos da América do Norte para melhorar a taxa de cura no linfoma de Hodgkin em estadio avançado e harmonizar as abordagens de tratamento entre pacientes pediátricos e adultos”, afirmou Odejide num comunicado de imprensa.

“As colaborações entre grupos de doentes adultos e pediátricos ajudaram a abrir caminho para um novo padrão de tratamento que é mais bem tolerado e resulta numa proporção maior de pacientes com remissões duradouras”, concluiu.

Fonte: UPI

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