Crianças e jovens adultos que recebem terapia com células CAR T para o tratamento do cancro infantil mais comummente diagnosticado, a leucemia linfoblástica aguda, têm menores taxas de recidiva e uma maior probabilidade de sobrevivência quando esse tratamento é combinado com um transplante de células estaminais, descobriu uma nova investigação.
Realizada durante um período de 5 anos, a investigação mostrou que os transplantes de células estaminais oferecem benefícios a longo prazo para estes jovens pacientes que são submetidos a imunoterapia.
Apesar de, numa fase inicial, a terapia com células CAR T resultar numa remissão completa entre 60% a 100% dos casos, a taxa de recidiva permanece elevada; contudo, nos pacientes que receberam um transplante de células estaminais após serem submetidos a imunoterapia, a taxa de recidiva mostrou ser inferior a 10%, cerca de 2 anos depois do tratamento.
“A maioria destas crianças tem uma única hipótese de sobrevivência, que é serem tratadas com terapia CAR T; por isso, é a nossa obrigação, enquanto médicos, fazermos de tudo para maximizar essa mesma probabilidade”, disse Daniel Lee do UVA Children’s Hospital, uma instituição associada à Universidade de Virginia, nos Estados Unidos.
Segundo o oncologista pediátrico, a única forma de aumentar a probabilidade de sobrevivência destas crianças é “através de um subsequente transplante de células estaminais”.
A terapia com células T do receptor quimérico de antigénio (CAR) utiliza as células imunitárias do próprio paciente, que são geneticamente modificadas para se tornarem eficazes na eliminação de células cancerígenas.
Esta abordagem mostrou ser responsável por altas taxas de remissão, de até 100%, 28 dias após ser administrada em crianças e jovens adultos com leucemia linfoblástica aguda de células B. Contudo, e de acordo com os dados disponíveis, mais de 40% por cento dos pacientes sujeitos a esta terapia sofreram uma recidiva 13,1 meses depois.
Para determinar se os transplantes de células estaminais poderiam inverter estes números, os investigadores analisaram 50 crianças e jovens adultos, com idades entre os 4 e os 30 anos.
Entre os 21 pacientes que foram submetidos a um transplante de células estaminais após terem recebido terapia CAR T, apenas 9,5% sofreram uma recidiva 24 meses depois; um número extraordinariamente baixo quando comparado com os 100% que não foram submetidos a um transplante de células estaminais.
“Muitas vezes, os pais acreditam que, se utilizarmos a terapia com células CAR T, poderemos evitar um transplante de células estaminais. Isso é compreensível, porque qualquer pai quer minimizar os tratamentos e o sofrimento dos filhos. Mas, com esta investigação, descobrimos que estas duas terapias devem-se complementar e não ser usadas uma ao invés da outra”, refere Daniel Lee.
Os cientistas querem agora utilizar estas descobertas, publicadas no Journal of Clinical Oncology, numa outra investigação que pretende determinar, numa fase muito inicial, quais as crianças e jovens adultos diagnosticados com leucemia linfoblástica aguda que necessitam de um transplante.
Fonte: Eurekalert