Em ambiente hospitalar, palhaços podem ajudar crianças a lidar com dor e ansiedade

A presença de palhaços no hospital pode ajudar a melhorar os sintomas físicos e o bem-estar psicológico de crianças e adolescentes em tratamento para doenças agudas ou crónicas, de acordo com um estudo recentemente publicado na revista BMJ.

Os resultados sugerem que “a incorporação de risos e brincadeiras apropriados na prática clínica pode ser benéfica para pacientes jovens que precisam de permanecer internados durante algum tempo no hospital”.

Estudos anteriores sugeriram que a presença de palhaços em ambiente hospitalar pode ajudar a reduzir os níveis de stress e de ansiedade em crianças antes e depois de serem submetidas a cirurgias; contudo, até ao momento, os resultados tinham sido considerados inconsistentes.

Para abordar esta questão, investigadores do Brasil e do Canadá examinaram evidências sobre a eficácia da presença de palhaços em hospitais para uma série de sintomas em crianças e adolescentes internados em condições agudas (curto prazo) e crónicas (longo prazo).

Ao procurarem por resultados de ensaios clínicos publicados até fevereiro de 2020, os cientistas encontraram 24 ensaios relevantes que envolveram, no total, 1 612 crianças e adolescentes; os ensaios tinham sido concebidos de forma diferente e de qualidade variável, algo que foi tido em conta pelos investigadores.

A ansiedade foi o sintoma mais frequentemente analisado, seguido pela dor, respostas psicológicas e emocionais e perceção de bem-estar, stress, fadiga relacionada à doença oncológica e choro.

Os resultados sugeriram que crianças e adolescentes que estavam na presença de palhaços de hospital, com ou sem a presença dos pais, relataram sentir significativamente menos ansiedade durante uma série de procedimentos médicos, bem como melhorias no bem-estar psicológico, em comparação com o tratamento padrão.

Dos 24 ensaios analisados, 3 deles avaliaram especificamente crianças com doenças crónicas, como o cancro infantil; nesses, foram encontradas reduções significativas nos níveis de stress, fadiga, dor e angústia em crianças que interagiam com palhaços de hospital, em comparação com o tratamento padrão.

Globalmente, apenas um ensaio não encontrou quaisquer diferenças nos níveis de angústia entre crianças que interagiram com palhaços de hospital, em comparação com um grupo de controlo.

“Este foi um grande estudo que analisou uma grande quantidade de dados”, disseram os investigadores que, no entanto, destacaram algumas limitações “como os tempos de acompanhamento e a gravidade e início das condições”.

Ainda assim, os investigadores destacam que, de forma geral, as “descobertas sugerem que os palhaços do hospital podem ter um efeito positivo na melhoria do bem-estar psicológico e das respostas emocionais em crianças e adolescentes hospitalizados com distúrbios agudos e crónicos”.

“Os nossos resultados também apoiam a investigação contínua de tratamentos complementares para melhor ajuste psicológico durante o processo de admissão hospitalar em pediatria”, concluíram.

Fonte: Eurekalert

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