“Em 2020, mais de 28 mil crianças africanas morreram vítimas de cancro”, diz relatório da OMS

Mais de 28 mil crianças morreram vítimas de cancro na África subsaariana durante a pandemia causada pela COVID-19, de acordo com um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Os nossos dados mostram que, só em 2020, mais de 28 mil crianças morreram devido ao cancro na África Subsaariana. Estes dados mostram a triste realidade daquela região, uma vez que, hoje em dia, a maioria dos cancros infantis são curáveis, se forem detetados precocemente”, afirmou Jean-Marie Dangou, coordenador do Programa de Doenças Não Transmissíveis, da OMS.

Daniel McKenzie, membro do conselho da Childhood Cancer International, uma organização sem fins lucrativos, explicou que “a COVID-19 afetou o tratamento de crianças com cancro, uma vez que estas precisavam de se deslocar para obter os tratamentos de que necessitavam. O facto de existirem restrições à circulação veio piorar as hipóteses, já de si diminutas, de sobrevivência destas crianças”.

Atrasos significativos na triagem e no tratamento durante a pandemia da COVID-19 também foram responsáveis pelo aumento significativo no número de mortes por cancro que, de outra forma “seriam evitáveis”, mostrou o Cancer Control 2020 Survey.

Segundo este questionário, na Nigéria, por exemplo, a pandemia teve um impacto significativo no tratamento do cancro: o acesso aos cuidados de saúde foi interrompido, o custo do tratamento e dos cuidados aumentou e as atividades de rastreio oncológico foram suspensas.

Em África, as taxas de sobrevivência para o cancro infantil são de cerca de 20%, um número muito inferior aos cerca de 80% em países desenvolvidos.

Um estudo recente mostrou que apenas 20 dos 54 países africanos analisados disponibilizavam ensaios clínicos para crianças com cancro; a maioria desses ensaios eram realizados em apenas 4 países: Egito, África do Sul, Argélia e Quénia.

Em 2018, a OMS anunciou a criação da Iniciativa Global para o Cancro Infantil, que visa atingir uma taxa de sobrevivência de 60% em todo o mundo até 2030.

Fonte: Down To Earth

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