Ratos jovens que receberam terapias moleculares direcionadas para tratar cancro cerebral em pacientes humanos sofreram déficits cognitivos e comportamentais, mas esses déficits foram amplamente reversíveis por estimulação ambiental e exercício físico.
O estudo, publicado na Cancer Research, sugere que pacientes pediátricos com cancro no cérebro podem experimentar esses efeitos secundários, mas podem beneficiar de tratamentos que conseguem reverter esses mesmos efeitos.
“Fizemos progressos significativos contra muitos tipos de cancro infantil, em grande parte graças a novos fármacos altamente eficazes. As terapias direcionadas usadas atualmente para tratar cancros cerebrais funcionam porque têm como alvo vias específicas do cancro, mas, essas vias são críticas para o desenvolvimento do cérebro”, disseram os investigadores.
Os tumores primários do sistema nervoso central continuam a ser o principal tipo de tumor sólido na população oncológica pediátrica.
Terapias direcionadas são agora usadas para tratar tumores cerebrais; no entanto, a maioria dos ensaios clínicos e estudos pré-clínicos sobre estes fármacos foram realizados em adultos, portanto, os efeitos em pacientes pediátricos não são totalmente conhecidos.
Neste estudo, os investigadores utilizaram cobaias, que foram sujeitas a alguns tratamentos utilizados atualmente ou a um placebo.
Um grupo de ratos iniciou o tratamento, com fármaco ou não, quando os animais tinham entre 12 e 17 dias de idade (análogo à primeira infância); o outro grupo recebeu quando tinha entre 17 a 22 dias de idade (análogo à adolescência); e, num conjunto separado de experiências, um terceiro grupo iniciou o teste quando os animais tinham entre 12 e 14 semanas de idade (análogo à idade adulta).
Os especialistas avaliaram os efeitos dos fármacos nos oligodendrócitos na substância branca do cérebro e descobriram que os ratos que receberam os fármacos em idades mais jovens tiveram uma diminuição mais significativa nos oligodendrócitos; os ratos que receberam os fármacos já enquanto adultos não tiveram mudanças significativas.
Ao medirem a expressão da proteína mielina, os especialistas encontraram mudanças mais significativas nos animais mais jovens. O estudo também mediu outros tipos de células e não encontrou mudanças significativas, o que sugere que as terapias moleculares direcionadas visam especificamente os oligodendrócitos.
Para examinar se os medicamentos geravam efeitos secundários comportamentais, as cobaias foram sujeitas a algumas tarefas, como andar em labirintos; neste caso, observou-se que os ratos tratados numa idade mais jovem também apresentavam o maior grau de déficits comportamentais. Ratos tratados em idade adulta não mostraram diferenças no desempenho cognitivo.
Por ultimo, os investigadores colocaram os animais em dois ambientes: um “típico” e outro que continha uma roda e vários brinquedos. Ao fim de duas semanas, verificou-se que os animais que estavam alojados no espaço com brincadeiras tiveram um desempenho significativamente melhor em tarefas de avaliação cognitiva.
Os investigadores acreditam que estes resultados sustentam a ideia de que déficits cognitivos que resultam de tratamentos infantis podem ser reversíveis, sendo que, caso a pesquisa se venha a confirmar, estas informações podem fornecer bases para que esta nova terapia seja incluída como uma prática clínica difundida.
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