“Seria de esperar que ouvir “o seu filho tem cancro” é a pior coisa que um pai pode ouvir. Mas não. A pior coisa que um pai pode ouvir é que o cancro que os médicos diagnosticaram no seu filho não tem tratamento”.
Estas palavras são de Racyne, a mãe da pequena Ellie, que, com apenas 2 anos de idade foi diagnosticada com cancro.
Tudo começou em dezembro de 2016, quando os pais de Ellie, Racyne e Craig, descobriram um alto no queixo da menina. Um mês depois, após um tratamento para uma suposta infeção, várias consultas e nenhumas melhoras, a família foi encaminhada de ambulância para o BC Children’s Hospital, no Canadá.
“Aquele foi o dia em que as nossas vidas mudaram”, recorda Ellie.
Os exames revelaram uma forma rara de cancro infantil de crescimento rápido: um sarcoma rabdoide maligno. Geralmente encontrado nos rins ou no cérebro, o tumor de Ellie estava na glândula salivar, por debaixo da mandíbula.
Devido à sua localização, e também tendo em conta a sua raridade, os médicos não tinham um tratamento padrão para esta condição.
“À medida que o tumor ia crescendo, ele ia empurrando a traqueia de Ellie, impedindo-a de respirar. A saúde da minha filha foi ficando cada vez mais fragilizada…”.
“Não havia tempo a perder. O caso da Ellie era um daqueles em que cada segundo contava”, explica Rebecca Deyell, a oncologista que acompanhou Ellie, que explica que o tumor da menina “tornou essencial reunirmos uma grande equipa de profissionais, de várias especialidades, para nos ajudar a gerenciar, com segurança, o tratamento, garantindo que conseguíamos mantê-la a respirar”.
Após uma traqueostomia, Ellie foi sujeita a um tratamento intensivo, que incluiu quimioterapia, cirurgia e radioterapia. A menina também participou num ensaio que utiliza o sequenciamento do genoma em tumores individuais para encontrar as melhores opções de tratamento para cancros infantis de difícil tratamento.
O BC Children’s Hospital é um dos poucos hospitais do Canadá que se dedica exclusivamente a fornecer cuidados especializados pediátricos. No ano passado, mais de 99 mil pacientes visitaram o hospital, incluindo o seu centro de cuidados intensivos e instituto de investigação, centro de saúde mental e centro de reabilitação.
O hospital também cuida de todas as crianças com diagnóstico de cancro; devido ao apoio vital de doadores, os profissionais e investigadores desta instituição podem explorar caminhos inexplorados e opções de tratamento para crianças como a Ellie.
“É por crianças como a Ellie, que têm poucas (ou nenhumas) opções de tratamento, que a investigação é tão fundamental. Temos que ter mais investigações, mais ensaios clínicos, mais financiamento para estes tipos raros de tumores. Temos que continuar a desenvolver terapias direcionadas projetadas especificamente para as mudanças genéticas que vemos nessas células cancerígenas”, urge Rebecca Deyell.
Os dois primeiros ciclos de quimioterapia a que Ellie foi submetida reduziram com sucesso o tamanho do tumor em mais de 50%.
Depois de mais quimioterapia, cirurgia e 25 tratamentos de radioterapia, os testes revelaram que Ellie não apresentava quaisquer sinais de cancro.
Apesar da sua difícil jornada, a menina permaneceu otimista e positiva durante todo o tempo.
Muitos dos programas de serviços terapêuticos infantis e juvenis do hospital, incluindo arte e musicoterapia, contribuíram para elevar o seu ânimo.
“A Ellie dançou durante todo este caminho. Ela foi fazendo este duro caminho a dançar. A música e a dança, que chegaram até nós pelas mãos destes fantásticos profissionais, ajudaram a salvar a minha filha”, disse Craig.
Cerca de 7 meses depois de chegarem ao BC Children’s Hospital, Ellie, Racyne e Craig voltaram para casa. A cada 3 meses, Ellie volta para sessões de acompanhamento, e é provável que a menina venha a precisar de uma cirurgia reconstrutiva da mandíbula.
Hoje, com 6 anos de idade, Ellie é uma menina alegre que ama aulas de ballet e hip-hop.
Fonte: CranBrook Townsman