“É apenas cabelo. Ele volta a crescer.”
A minha filha tinha apenas 7 anos quando foi diagnosticada com um tumor no cérebro.
O seu tratamento incluiu radioterapia de altas doses na cabeça e coluna, vários medicamentos quimioterápicos intravenosos e um transplante de células estaminais.
A radioterapia fez com o que seu cabelo caísse. Primeiro começaram a cair pequenos fios, depois tufos enormes, até que decidimos rapá-lo por completo.
Enquanto mãe, aquela foi uma experiência angustiante – uma chapada que a vida me deu. O cancro, para mim, não tinha uma cara, mas de repente, a minha filha, carequinha, de apenas 7 anos, passou a ser a cara do cancro.
E mesmo assim diziam-me “É apenas cabelo. Ele volta a crescer.”
Depois, a quimioterapia levou-lhe as sobrancelhas. E os cílios. E os pelos no corpo.
A minha filha estremecia de frio e começou a usar gorros, não para esconder a calvície, mas para se aquecer.
Semanas após o término dos tratamentos, deu-se o milagre: o cabelo começou a crescer…
Brincámos, rimos e percebemos que o cabelo era uma metáfora para a jornada da minha filha.
Ela está agora há 6 anos sem fazer tratamentos.
Há 6 anos que a minha filha é uma sobrevivente de cancro infantil.
Nalgumas partes da sua cabeça, o cabelo ainda não cresceu, mas isso já não importa…são “as marcas de guerra” que todos os dias a relembram do quanto ela lutou. E do quanto essa luta compensou.
“É apenas cabelo. Ele volta a crescer.”
Texto redigido por Roanne Barnes Hautapu, mãe de uma sobrevivente de cancro infantil
Fonte: The Mighty