Duas em cada três crianças com cancro sobrevivem após fim dos tratamentos

Duas em cada três crianças com cancro vão sobreviver cinco ou mais anos após o fim dos tratamentos. Ana Teixeira, pediatra responsável pela consulta dos DUROS – Doentes que Ultrapassaram a Realidade Oncológica com Sucesso, que funciona no serviço de pediatria do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa (IPO de Lisboa), reforça que a grande maioria são sobreviventes de leucemias (37%), cerca de 25% são sobreviventes de linfomas e 10% superaram um tumor de Wilms (tumor que afeta os rins).
Apesar dos resultados muito positivos na área da oncologia pediátrica, os especialistas sublinham que as crianças que sobrevivem a um cancro podem ter um risco seis vezes mais elevado de desenvolver um segundo tumor. 
Os números foram revelados no decorrer do 17.º encontro da PanCare, a rede europeia para o cuidado dos sobreviventes de cancro infantil, que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Atualmente, a consulta dos DUROS acompanha 744 pessoas, a maioria das quais do sexo masculino (58%), com idades entre os 6 e os 56 anos, embora a esmagadora maioria (86%) tenha entre 10 e 30 anos.
Os dados revelados pela responsável da consulta, no âmbito do 17.º encontro da PanCare, sugerem que dois terços dos sobreviventes (68%) são confrontados com, pelo menos, uma sequela atribuível à doença e/ou às terapêuticas realizadas, mas na grande maioria dos casos não afetam de forma significativa a vida ou a qualidade de vida destes sobreviventes, como problemas dentários, cicatrizes cutâneas ou problemas endócrinos de fácil resolução.
Ana Teixeira reforça que “os problemas psicológicos e de integração social são muito frequentes nesta população, embora difíceis de quantificar, e é claramente uma área onde o apoio a estes sobreviventes tem muito para melhorar”.
Por outro lado, Ana Teixeira explica que na sua consulta há registo de 32 segundos tumores, sendo os mais comuns os carcinomas da tiroide, tumores do sistema nervoso central e carcinomas baso celulares cutâneos, e cinco recidivas tardias da doença oncológica primitiva.
As estatísticas apontam que os sobreviventes de um cancro infantil apresentam um risco cerca de seis vezes mais elevado de desenvolver um novo tumor em comparação com a população em geral.
Do total de utentes acompanhados nas consultas, 42 dos sobreviventes tiveram 48 filhos, o que comprova que “a infertilidade como sequela das terapêuticas anti neoplásicas tem vindo a tornar-se um problema cada vez mais raro, com uma melhor adequação das doses de quimioterapia e radioterapia a aplicar”.
Criada em 2007, a consulta dos DUROS tem como finalidade acompanhar de perto a evolução da saúde destes sobreviventes, tendo em consideração os riscos inerentes à doença e às terapêuticas utilizadas nos seus tratamentos.
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