Dieta e exercício moderado podem melhorar taxas de sobrevivência de jovens com leucemia

Em alguns tipos de cancro, incluindo leucemia diagnosticada em crianças e adolescentes, a obesidade pode afetar negativamente os resultados de sobrevivência.

Jovens obesos com leucemia têm uma probabilidade 50% maior de recidiva após o tratamento do que os seus contrapartes magros.

Agora, uma investigação realizada pelo Cancer and Blood Disease Institute do Los Angeles Children’s Hospital, nos Estados Unidos, indica que algumas alterações ao nível da dieta e da prática de exercício físico podem aumentar, e muito, as taxas de sobrevivência em jovens que recebem tratamento para leucemia linfoblástica aguda, o tipo de cancro mais comummente diagnosticado em crianças em adolescentes.

“Pelo que sabemos, este foi o primeiro estudo a mostrar que, ao limitar o número de calorias consumidas, ao mesmo tempo que se aumenta os níveis de exercícios físico, é possível tornar a quimioterapia mais eficaz na eliminação das células de leucemia, logo no primeiro mês de terapia”, disse Etan Orgel, o principal autor da investigação.

Para além disso, os cientistas também acreditam que estas medidas “diminuem a probabilidade de recidiva da doença em crianças e adolescentes”.

Segundo os investigadores, quando jovens obesos dão início a tratamentos de quimioterapia, a probabilidade de possuírem células cancerígenas remanescentes após um mês de tratamento – e a probabilidade de recidiva – pode ser até duas vezes maior do que a observada em jovens magros.

Por isso, nesta investigação, os cientistas do Cancer and Blood Disease Institute trabalharam em parceria com nutricionistas e fisioterapeutas, que criaram planos de dieta e de exercícios personalizados para 40 pacientes recém-diagnosticados com leucemia, que tinham entre 10 a 21 anos.

Os resultados mostraram que os pacientes que reduziram a sua ingestão calórica em, pelo menos, 10% e que iniciaram um regime de exercícios moderados na altura do diagnóstico, tiveram, em média, 70% menos probabilidade de possuírem células de leucemia remanescentes na medula óssea um mês após o início da quimioterapia, em comparação com pacientes tratados previamente que não foram sujeitos a este regime de combinação de dieta e exercício.

De referir que as células de leucemia remanescentes são um dos mais fortes preditores de resultados menos positivos para a sobrevivência.

Para Etan Orgel, os resultados são a prova de que uma “intervenção de curto prazo, barata e facilmente disponível”, pode aumentar de forma efetiva a “eficácia da quimioterapia sem que seja necessário recorrer a mais medicamentos que, como se sabe, aumentam o risco de efeitos secundários”.

Durante a investigação, publicada na revista Blood Advances, os cientistas também descobriram que, ao limitar a quantidade de gordura consumida pelos pacientes, observou.se uma diminuição da resistência à insulina, assim como um aumento dos níveis de adiponectina, uma hormona associada à regulação da glicose.

“A grande descoberta desta investigação é que apenas uma leve alteração na dieta e o aumento da prática de exercício físico fazem com que a quimioterapia seja mais eficaz em crianças e adolescentes diagnosticados com leucemia. Mas, agora, queremos descobrir mais, queremos saber o porquê de isto acontecer”, explicou Steven Mittelman, do Los Angeles Children’s Hospital.

Segundo o coautor da investigação, “compreender as mudanças biológicas responsáveis ​​por este efeito vai-nos ajudará a tornar estas intervenções ainda melhores”.

De forma a que isso seja possível, os investigadores estão já a planear um ensaio clínico, denominado IDEAL-2, que deverá ter início no final de 2021.

Fonte: Eurekalert

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