O fármaco Dexrazoxano demonstrou ter um efeito cardioprotetor por um período de duas décadas após a exposição a antraciclinas entre uma coorte de jovens adultos que sobreviveram ao cancro infantil, de acordo com os resultados de um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology.
Os investigadores observaram principalmente o efeito do Dexrazoxano entre aqueles tratados com doses cumulativas de Doxorrubicina de 250 mg/m² ou superior.
O Dexrazoxano demonstrou fornecer pelo menos cinco anos de cardioproteção para sobreviventes de cancro infantil previamente tratados com Doxorrubicina; no entanto, faltavam dados sobre o efeito de longo prazo da Bisdioxopiperazina, afirmou o investigador Eric J. Chow, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, autor principal do estudo.
Por esse motivo, os investigadores procuraram determinar o efeito a longo prazo do Dexrazoxano na mitigação da cardiotoxicidade associada à antraciclina entre uma coorte de 195 sobreviventes de cancro infantil.
Os cientistas reuniram dados de quatro ensaios clínicos randomizados, incluindo crianças com leucemia linfoblástica aguda ou linfoma de Hodgkin tratados com Doxorrubicina com ou sem Dexrazoxano, e um estudo de crianças com osteossarcoma que receberam Doxorrubicina com Dexrazoxano.
Nos cinco ensaios, as crianças receberam Dexrazoxano numa proporção de 10 mg/m² a 1 mg/m² antes da Doxorrubicina, e as doses cumulativas de Doxorrubicina variaram de 100 mg/m² a 600 mg/m².
Os investigadores também avaliaram prospetivamente a função cardíaca entre os sobreviventes de todos os cinco ensaios, além de um grupo pareado de sobreviventes de osteossarcoma que receberam Doxorrubicina sem Dexrazoxano. O seguimento médio do grupo avaliado foi de 18,1 anos.
Os resultados mostraram uma associação entre o uso de Dexrazoxano e o encurtamento fracional superior do ventrículo esquerdo (diferença absoluta, +1,4%; 95% CI, 0,3-2,5) e a fração de ejeção (diferença absoluta, +1,6%; 95% CI, 0-3,2), bem como –6,7 pg/mL (95% CI, –10,6 a –2,8) menor stress miocárdico por péptido natriurético tipo B.
Os autores do estudo também observaram uma associação entre Dexrazoxano e diminuição do risco de função ventricular esquerda inferior, incluindo uma fração de encurtamento inferior a 30% ou fração de ejeção inferior a 50% (OR = 0,24; 95% CI, 0,07-0,81).
O efeito cardioprotetor surgiu mais pronunciado entre aqueles tratados com doses cumulativas de Doxorrubicina de 250 mg/m² ou mais.
Esta investigação fornece evidências de cardioproteção mensurável a longo prazo com Dexrazoxano para crianças e adolescentes sobreviventes de cancro pediátrico que recebem quimioterapia à base de antraciclina, afirmou Chow e os seus colegas.
Fonte: Healio