Uma equipa internacional de investigadores descobriu uma maneira nova, considerada muito mais segura, de tratar um tipo de leucemia que afeta principalmente crianças: leucemia linfoblástica aguda de células T.
Publicada na revista Science Translational Medicine, a pesquisa foi um esforço conjunto do Children’s Cancer Institute australiano, da Universidade Leuven, na Bélgica, e do UK Dementia Research Institute, no Reino Unido.
Segundo o artigo, as descobertas feitas com esta pesquisa são um avanço importante no esforço para encontrar formas mais seguras de tratar este tipo de leucemia.
“Crianças com leucemia linfoblástica aguda de células T recebem uma quimioterapia muito intensiva devido à agressividade da doença. Por isso, muitas delas acabam por sofrer efeitos secundários a longo prazo”, disseram os investigadores que, desta forma, destacaram a necessidade de criar novas terapias que possam minimizar esses efeitos.
A pesquisa envolveu fármacos chamados de inibidores da gama-secretase, que inibem a ação da enzima gama-secretase, um fator importante em muitos casos de leucemia linfoblástica aguda de células T. Anteriormente, os inibidores de gama-secretase foram considerados inadequados como tratamento para crianças devido à sua toxicidade.
No entanto, esta nova pesquisa parece ter encontrado uma maneira de contornar o problema.
Curiosamente, cientistas que estudam a doença de Alzheimer têm analisado a mesma enzima, já que esta é conhecida por estar envolvida no processamento da beta-amiloide, fortemente ligada à neuro-degeneração.
“A gama-secretase é um complexo que existe em versões muito diferentes; daí que quiséssemos explorar se a inibição de versões específicas poderia ajustar o tratamento e reduzir os efeitos secundários”.
Os investigadores observaram atentamente a gama-secretase em células, descobrindo que a abundância relativa de diferentes versões do complexo era notavelmente diferente em células de leucemia comparadas com células saudáveis.
Isso levou a uma série de testes em laboratório que mostraram que atacar apenas uma versão do complexo impedia que a leucemia linfoblástica aguda de células T proliferasse, sem causar a toxicidade anteriormente associada a esta classe de fármacos.
“Historicamente, este tipo de fármacos tiveram um sucesso muito limitado devido à sua toxicidade. Agora, pela primeira vez, fornecemos provas de que o direcionamento seletivo de uma versão específica do complexo gama-secretase é eficaz e seguro”, explicaram os cientistas.
“No futuro, pode até ser possível usar esta abordagem para outros tipos de cancro, e potencialmente algumas outras doenças”.
“Fico verdadeiramente feliz por perceber que a nossa pesquisa se poderá traduzir em melhores resultados para pessoas com cancro”, disse um dos investigadores.
Fonte: Eurekalert