Cientistas do Instituto La Jolla de Imunologia, nos Estados Unidos, publicaram um estudo aprofundado sobre como as células T do sistema imunológico atacam os tumores cerebrais pediátricos. A investigação sugere que um pequeno número de pacientes pediátricos com tumor cerebral já possui células T que combatem de forma eficaz a doença que desenvolveram.
Esta descoberta, publicada recentemente na revista Nature Cancer, é um passo importante para ajudar a identificar quais pacientes pediátricos com tumores cerebrais podem beneficiar-se de imunoterapias no combate ao cancro.
“Esses pacientes podem ser candidatos nos quais a imunoterapia tem potencial para mostrar benefícios clínicos”, afirmou a investigadora Anusha Preethi Ganesan, que coliderou o novo estudo com Pandurangan Vijayanand. “Futuros ensaios clínicos que testem a imunoterapia em tais pacientes selecionados são necessários para verificar estes resultados”, acrescentou.
As imunoterapias estimulam as próprias células imunológicas do paciente a destruir as células cancerígenas. Para que uma imunoterapia funcione, as células T precisam de detetar as células com mutações, ou seja, os sinais de alerta genéticos que separam as células tumorais das células normais. Um tipo de imunoterapia, denominado bloqueio do ponto de controlo imunológico, torna mais fácil para as células T detetarem e destruírem tumores e têm-se mostrado eficazes para muitos tipos de cancro em adultos. Mas, infelizmente, os ensaios clínicos para imunoterapias em pacientes pediátricos mostraram resultados inconsistentes e nenhuma imunoterapia foi ainda aprovada para uso em crianças para tratar cancros cerebrais.
Neste estudo, os investigadores recolheram amostras de tumores de 38 crianças tratadas no Hospital Infantil Rady, em San Diego, nos Estados Unidos. A equipa procurou células T dentro dos tumores e descobriu que os níveis de células T variavam amplamente entre os pacientes. Esta variação pode ajudar a explicar por que os ensaios de imunoterapia em crianças mostraram resultados tão inconsistentes.
A investigadora Aditi Upadhye afirma que é encorajador encontrar células T mesmo que num pequeno número de tumores pediátricos. “Ninguém sabia realmente se havia células T nesses tumores”, destacou Upadhye.
Os investigadores recorreram então ao uso de ferramentas de sequenciamento genético para examinar mais de 41 mil células T encontradas nessas amostras de tumores cerebrais. Eles analisaram a expressão genética nessas células T para ver se as células poderiam potencialmente destruir tumores.
Eles descobriram que um pequeno número de pacientes apresentava um grande número de células T que respondiam a marcadores, chamados neoantígenos, nas células tumorais cerebrais. Essas células T pareciam ter funções “efetoras”, o que significa que poderiam destruir células tumorais. “As células T estão a infiltrar-se no cérebro e podem estar a dar resposta às células tumorais”, afirmou Meza Landeros.
Os cientistas estão agora a trabalhar para levar essas descobertas para a prática clínica. Eles esperam saber exatamente quais neoantígenos provocam as respostas mais fortes das células T. No final, esperam ajudar os médicos a identificar quais pacientes pediátricos podem ser mais beneficiados pelas imunoterapias com estas células, como o bloqueio de pontos de controlo imunológico.
“Estas descobertas precisam de ser validadas em ensaios clínicos, mas este estudo nos dá um otimismo cauteloso”, concluiu Vijayanand.
Fonte: News Wise