As causas genéticas de um grupo de cancros infantis relacionados foram descobertas por cientistas do Wellcome Sanger Institute e da Universidade de Wuerzburg, ambos na Alemanha.
O sequenciamento genético completo dos tumores revelou mutações que são direcionadas por fármacos existentes usados para tratar cancro de pulmão e melanoma.
Os resultados, publicados na Nature Communications, têm implicações para a prática clínica e para o diagnóstico de cancros raros em crianças, podendo levar a novas opções de tratamento direcionadas para essas mesmas crianças.
Todos os anos, no Reino Unido, mais de 100 crianças com menos de um ano de idade são diagnosticadas com tumores cancerígenos raros nos tecidos moles. Um desses cancros, conhecido como nefroma mesoblástico congénito, é o tumor renal mais comummente diagnosticado no início da infância.
Ocasionalmente visto como um nódulo no útero durante uma ultrassonografia, esses tumores são diagnosticados definitivamente após o nascimento. O tratamento envolve a remoção cirúrgica do tumor e às vezes a quimioterapia, ambas as quais podem danificar os tecidos circundantes num momento crítico da vida.
Neste novo estudo, os cientistas sequenciaram todos os genomas de 17 tumores do nefroma mesoblástico congénito e ampliaram as suas descobertas para um total de 350 casos, incluindo nefroma mesoblástico congénito e cinco tipos de tumores de tecidos moles relacionados: fibrossarcoma infantil, nefroblastomatose, tumor de Wilms, tumor rabdóide maligno e sarcoma de células claras do rim.
Os investigadores descobriram pelo menos uma, se não duas, mudanças genéticas em cada um dos tumores que estavam a causar o cancro. Em particular, os dados genéticos revelaram mutações no Recetor do Fator de Crescimento Epidérmico em tumores do nefroma mesoblástico congénito sarcoma de células claras do rim CMN, e ambos os tumores deste tipo de cancro e do fibrossarcoma infantil tiveram mutações no gene BRAF.
A mutação do Recetor do Fator de Crescimento Epidérmico identificada é alvo de um fármaco inibidor chamado afatinib, utilizado para tratar o cancro do pulmão, enquanto que os fármacos concebidos para tratar o cancro da pele do melanoma visam o gene BRAF. É possível que esses fármacos existentes possam ajudar os bebés com tumores de tecidos moles, com base nas suas mutações.
“Descobrimos novos marcadores diagnósticos para cancro de tecidos moles em bebés em que a causa genética da doença era desconhecida em um terço. Os resultados indicam que os fármacos existentes podem ser usados para ajudar as crianças a superar esses tumores na infância”, disseram os investigadores.
“Sequenciar os genomas destes cancros mostrou que, apesar de anatomicamente diferentes, eles são geneticamente muito semelhantes. Se crianças com tumores de tecido mole muito grandes pudessem ser tratados com esses agentes direcionados, há uma probabilidade de que consigam encolher o tumor o suficiente para que a cirurgia necessária seja menos danosa”, concluíram.
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