Descoberta proteína específica que revela quais pacientes com leucemia têm maior risco de recaída

Pacientes em idade pediátrica com leucemia cujas amostras de medula óssea contêm uma proteína específica correm um maior risco de recaída, o que poderia abrir caminho para uma intervenção médica precoce e aumento das taxas de sobrevivência, descobriu um estudo de investigadores de Hong Kong.

Cientistas da Universidade Chinesa de Hong Kong explicaram que crianças com leucemia linfoblástica aguda (LLA) tinham duas vezes mais probabilidades de ter uma recaída se as suas amostras de medula óssea apresentassem a proteína CD9.

A proteína CD9, encontrada na superfície de vários tipos de células, tem sido associada à progressão do cancro.

A LLA, que representa quase um terço de todos os cancros diagnosticados em crianças, é o tipo mais comum em Hong Kong, com cerca de 50 novos pacientes todos os anos.

O tratamento atual para a doença inclui quimioterapia, mas os casos mais graves requerem transplante de medula óssea ou mesmo terapia genética.

Durante o estudo, foram analisadas informações recolhidas de 3 781 crianças em 20 hospitais em Hong Kong e na China continental entre 2015 e 2019.

O estudo, o maior a nível mundial, segundo os autores, sobre a relação entre a proteína CD9 e a recaída entre pacientes infantis com leucemia, foi publicado recentemente na revista Leukemia.

“Esperamos que a presença da CD9 possa ser um identificador de falha do tratamento e diminuir o risco de recaída, melhorando as taxas de sobrevivência”, disse Li Chi-kong, autor da investigação.

O cientista explicou que, em Hong Kong, os pacientes infantis com leucemia estão atualmente classificados em grupos de baixo, médio e alto risco, com diferentes intensidades de tratamentos prescritos dependendo de fatores como idade, contagem de glóbulos brancos, genética e resposta ao tratamento precoce.

Embora a taxa de sobrevivência entre crianças com leucemia tenha aumentado significativamente em 80 por cento ao longo do século passado, tornando-o um dos cancros mais curáveis, o investigador sublinhou que o risco de recaída pode atingir 28,2 por cento em grupos de alto risco.

Leung Kam-tong, outro autor do estudo, referiu que as crianças de médio e alto risco que tinham a proteína CD9 tiveram uma taxa de recaída de 23,1%, em comparação com 10,5% entre as crianças dos mesmos grupos que não apresentavam a proteína.

“Quando identificamos que o paciente testa positivo para CD9, podemos classificá-lo, logo no início, como pertencente ao grupo de alto risco e fazer um tratamento mais direcionado”, disse.

Os investigadores esperam que os hospitais em Hong Kong possam introduzir o teste à CD9 nos exames de diagnóstico de rotina até ao próximo ano, bem como incluí-lo como um fator de classificação dos pacientes em grupos de risco e tratamento direcionado.

A equipa do estudo espera implementar uma “mudança de paradigma” na forma como a leucemia infantil é tratada em todo o mundo, com base nestes resultados.

“O objetivo final é fazer com que a taxa de cura da leucemia infantil seja de 100 por cento, para que não percamos uma única criança devido à leucemia”, concluiu Li Chi-kong.

Fonte:  South China Morning Post

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