Investigadores da Universidade de Sheffield (Inglaterra) criaram um modelo de células-tronco projetado para investigar as origens do neuroblastoma e descobriram uma nova origem genética, que pode vir a oferecer uma nova esperança com tratamentos personalizados.
O neuroblastoma é o tumor infantil mais comum que ocorre fora do cérebro, afetando afeta principalmente bebés e crianças pequenas. Estima-se que afete a vida de cerca de 600 crianças na União Europeia e no Reino Unido.
Até agora, estudar mudanças genéticas e o seu papel na formação do neuroblastoma tem sido desafiador devido à falta de métodos laboratoriais adequados. Um novo modelo desenvolvido por investigadores da Universidade de Sheffield, em colaboração com o St Anna Children’sCancer Research Institute (Viena), replica a presença de células cancerígenas iniciais do neuroblastoma, possibilitando a visão do caminho genético da doença.
A formação do neuroblastoma geralmente começa no útero
Publicada na Nature Communications, a equipa de pesquisa internacional descobriu que mutações específicas nos cromossomas 17 e 1, combinadas com a hiperativação do gene MYCN, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de tumores agressivos do neuroblastoma.
A formação do neuroblastoma geralmente começa no útero, quando um grupo de células embrionárias normais, denominadas “crista neural do tronco (CN)”, sofre umamutação e se torna cancerígeno.
A investigação liderada pela especialista em células-tronco Ingrid Saldana, da Escola de Biociências da Universidade de Sheffield, e pelo biólogo computacional Luis Montano, do St Anna Children’s Cancer Research Institute, encontrou uma forma de utilizar células estaminais humanas para fazer crescer células tronco CNnuma placa de Petri.
“O nosso modelo baseado em células estaminais imita as fases iniciais da formação de um neuroblastoma agressivo, fornecendo informações valiosas sobre os factoresgenéticos deste cancro infantil devastador. Ao recriar as condições que levam ao início do tumor, poderemos compreender melhor os mecanismos subjacentes a este processo e, assim, conceber melhores estratégias de tratamento a longo prazo”, explica Anestis Tsakiridis, da Escola de Biociências da Universidade de Sheffield e autor do estudo.
Estas células apresentavam alterações genéticas frequentemente observadas em tumores agressivos de neuroblastoma. Utilizando a análise genómica e técnicas de imagem avançadas, os investigadores descobriram que as células alteradas começaram a comportar-se como células cancerígenas e eram muito semelhantes às células de neuroblastoma encontradas em crianças doentes.
As descobertas oferecem uma nova esperança para a criação de tratamentos personalizados que visem especificamente o cancro ao mesmo tempo que minimizam os efeitos adversos experimentados pelos pacientes nas terapêuticas existentes.
Fonte: Universidade de Sheffield